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Fome, mudanças climáticas e segurança alimentar em debate no 6º Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar.

Especialistas se reuniram na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para discutir a relação entre a fome e as mudanças climáticas, durante o 6º Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. A coordenadora do evento, Rosana Salles da Costa, destacou a insegurança hídrica como uma consequência das mudanças climáticas, o que reduz o acesso à alimentação saudável. Segundo ela, a segurança alimentar está relacionada a diversos fatores, como as mudanças climáticas que afetam o acesso à água em quantidade e qualidade, prejudicando as áreas de plantio de alimentos destinados ao consumo nacional.

Salles da Costa ressaltou ainda a importância de observar o aumento do preço dos alimentos como resultado das dificuldades causadas pelas mudanças climáticas. Ela enfatizou a necessidade de políticas públicas para reverter os efeitos das mudanças climáticas e promover a segurança alimentar, trabalhando em conjunto com os governos federal, estaduais e municipais.

O encontro, promovido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), reuniu pesquisadores nacionais e internacionais, além de alunos de graduação e pós-graduação, para discutir as influências das mudanças climáticas no acesso à alimentação adequada.

No Brasil, a insegurança alimentar é avaliada a partir da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que classifica os níveis de insegurança alimentar em leve, moderada e grave. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua revelaram que 10,8% dos lares chefiados por mulheres convivem com insegurança alimentar moderada ou grave, enquanto esse percentual é de 7,8% nos lares comandados por homens. A diferença é ainda mais expressiva em relação à cor ou raça, com 74,6% dos domicílios em insegurança alimentar grave sendo chefiados por pessoas pretas e pardas.

Durante o evento, além dos debates, foram apresentados dados preliminares de pesquisas conduzidas no país pela Rede Penssan, com apoio do aplicativo VIGISAN. Também foi lançada a plataforma FomeS, financiada pelo Ministério da Saúde e pelo CNPq, que reúne informações sobre mudanças climáticas, insegurança alimentar, insegurança hídrica e saúde nutricional de crianças.

O encontro foi patrocinado pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, e pela CAPES. A iniciativa visa promover o debate e a proposição de políticas urgentes, principalmente para os lares chefiados por mulheres negras, buscando enfrentar os desafios relacionados à segurança alimentar e às mudanças climáticas.

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