A violência política tem impactado diretamente o cenário eleitoral em diversas cidades do Brasil. Um estudo realizado pelo Giel (Grupo de Investigação Eleitoral) da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) revelou que municípios como Duque de Caxias (RJ), Rio de Janeiro e Manaus, que registraram mais casos de atentados e assassinatos de lideranças políticas, tiveram uma queda acima da média nacional no volume de candidaturas entre as eleições municipais de 2020 e 2024.
Em Duque de Caxias, por exemplo, que teve dez casos de atentados ou homicídios contra lideranças políticas nos últimos quatro anos, a redução no número de candidaturas foi de 31%. Já no Rio de Janeiro, que registrou cinco casos, a queda foi de 43%. Em Manaus, com quatro ocorrências, a diminuição foi de 41%.
De acordo com a pesquisa, a redução no total de candidaturas é resultado de diversos fatores, incluindo a diminuição no número de partidos, a formação de federações partidárias e novas regras da Justiça Eleitoral que estabeleceram limites máximos de candidatos por partido.
Pessoas que desistiram de concorrer relatam ameaças e pressões de grupos armados locais. Um ex-candidato no Rio de Janeiro, que preferiu não se identificar, desistiu da campanha após ser informado que um grupo armado da região já havia autorizado exclusivamente a participação de outro político. Em Duque de Caxias, situações parecidas levaram outro ex-candidato a abandonar seus planos eleitorais.
O cientista político Pedro Bahia, pesquisador do Giel, destaca a Baixada Fluminense como uma região sensível à violência eleitoral, com a presença de organizações criminosas como tráfico de drogas e milícias interferindo nas eleições.
Além disso, relatórios do grupo de pesquisa indicam que os casos de violência contra políticos tendem a aumentar em períodos eleitorais, como evidenciado pelo atentado ao carro da equipe do deputado federal Amom Mandel, candidato à Prefeitura de Manaus, em 2022.
Diante desse contexto de insegurança, candidatos como Wesley Teixeira, de Duque de Caxias, e o vereador Marcus Vinícius de Moraes Guimarães, conhecido como Boquinha, têm reforçado suas medidas de segurança para evitar possíveis atentados.
