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CIDH admite petição de familiares da Boate Kiss para responsabilização do Estado brasileiro pela tragédia em Santa Maria. Análise do mérito se aproxima.

Comissão Interamericana de Direitos Humanos analisa petição sobre tragédia da Boate Kiss

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) admitiu uma petição apresentada por familiares de vítimas do incêndio da Boate Kiss que cobra a responsabilização do Estado brasileiro pela tragédia ocorrida em Santa Maria (RS), em 2013. O órgão, agora, se prepara para analisar o mérito do caso.

Segundo a demanda recebida em 2017, os familiares alegam que as vítimas morreram sob condições desumanas e acusam o Estado de não ter adotado medidas necessárias para prevenir o incidente. Além disso, apontam demora no desdobramento do processo na Justiça, impunidade e falta de reparação pelos danos causados.

No relatório de admissão do caso, a presidente da CIDH, Roberta Clarke, junto ao primeiro vice-presidente Carlos Bernal Pulido e outros dois comissários, destacam a possível negligência e falhas administrativas que resultaram na tragédia com múltiplas vítimas.

O recebimento do caso pela CIDH ocorreu em junho deste ano e a comunicação da decisão aos familiares das vítimas foi feita recentemente. Para a advogada Tâmara Biolo Soares, representante da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), esse é um passo importante em busca de justiça.

Na petição, os familiares mencionam a falta de equipamentos de proteção do Corpo de Bombeiros, bem como o tratamento dispensado aos corpos das vítimas fatais. Alegam também que houve omissão, negligência e descumprimento da lei por parte do município de Santa Maria, do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul e do Ministério Público gaúcho.

A CIDH destaca a lentidão da tramitação do caso na Justiça como um dos motivos para a análise, ressaltando falhas no sistema judicial. Os autores da petição são a AVTSM, o Instituto Juntos, conselhos regionais e sindicatos da área.

Após admitir um caso, a CIDH pode solicitar informações adicionais, convocar audiências e, se necessário, fazer recomendações ou iniciar uma investigação oficial. Caso as sugestões não sejam acatadas, o caso pode ser levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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