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Reencontro emocionante: Indígenas da Bahia celebram volta do manto tupinambá ao Brasil após 386 anos de ausência

O reencontro histórico dos indígenas com o manto tupinambá no Museu Nacional do Rio de Janeiro

No dia 10 de setembro, o parque municipal Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, foi palco de um momento emocionante e histórico para os povos originários do Brasil. Cerca de 200 indígenas da Bahia se reuniram para o tão esperado encontro com o sagrado manto tupinambá. Cantando em coro “Somos filhos, netos e bisnetos do sagrado manto tupinambá”, eles marcharam acompanhados de sons de maracá e reverências ao legado de seus ancestrais.

O manto tupinambá, que estava na Europa desde o século 17 como parte do acervo do Museu da Dinamarca, finalmente retornou ao Brasil para uma exibição restrita no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Os indígenas, divididos em grupos, puderam ter o primeiro contato com a peça em uma emocionante cerimônia no interior da instituição. Enquanto do lado de fora ecoavam rezas e cânticos, dentro reinava o silêncio e a reverência.

A cacica Jamopoty Tupinambá, de 62 anos, emocionada, relatou que viu o manto pela primeira vez ainda sob uma mesa no domingo, em uma sessão exclusiva para as filhas de Amotara, considerada a maior liderança no território dos indígenas tupinambás de Olivença, na Bahia.

Em um discurso emocionado, Jamopoty ressaltou a importância da repatriação do manto para reparar a história de seu povo, que em determinado momento foi considerado extinto. Os tupinambás sofreram diversas violências desde os primeiros contatos com os colonizadores, e ainda hoje lutam pela demarcação de seu território no litoral baiano.

Os indígenas de três etnias – tupinambá, pataxó-hã-hã-hãe e kariri – chegaram ao Rio de Janeiro no feriado de 7 de Setembro para celebrar a chegada do manto. Em uma coletiva de imprensa, eles criticaram os três Poderes pela condução das pautas indigenistas no Brasil e detalharam a programação de rituais sagrados que culminará na cerimônia oficial de celebração da chegada do manto no dia 12 de setembro.

O manto, considerado uma entidade sagrada pelos indígenas tupinambás, é confeccionado principalmente com penas de guarás, além de plumas de papagaios, araras-azuis e amarelas. Doado pelo Museu Nacional da Dinamarca, que detém outras quatro peças semelhantes, o manto agora faz parte do acervo do museu brasileiro e só estará disponível ao público em 2026.

Este reencontro histórico entre os indígenas e o manto tupinambá representa uma importante etapa na preservação e reconhecimento da cultura e história dos povos originários do Brasil.

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