
Situação da migração venezuelana em Pacaraima
Suellem Silva, 35 anos, se deparou com uma nova realidade ao se tornar vice-diretora da Escola Municipal Professor Ângelo Antônio Fernandes Biase, na cidade de Pacaraima, em Roraima. Com a chegada de muitos alunos venezuelanos, a dinâmica da escola mudou drasticamente. A maioria dos 391 estudantes matriculados na escola é composta por venezuelanos, refletindo o impacto da contínua migração proveniente do país vizinho.
A migração para Pacaraima tem crescido, especialmente após a reeleição contestada de Nicolás Maduro. A cidade, que já era pequena, viu sua população crescer significativamente nos últimos anos devido à chegada de imigrantes e refugiados. Nas ruas, é raro ouvir o português, e muitos estabelecimentos comerciais são de venezuelanos.
Com a chegada de tantos alunos venezuelanos, as escolas locais, como a Ângelo Antônio Fernandes Biase, têm enfrentado desafios, principalmente no que diz respeito ao idioma. Muitos estudantes chegam falando apenas espanhol e alguns sequer frequentavam a escola na Venezuela. As professoras têm buscado maneiras de superar essas barreiras linguísticas, com a ajuda de cursos de espanhol e de alunos venezuelanos mais experientes.
Além das dificuldades linguísticas, muitos alunos chegam à escola com fome, sendo que muitos deles são enviados pela família para ter acesso às refeições oferecidas pela escola. A instituição serve café da manhã, almoço e jantar para os estudantes, que passam parte considerável do dia na escola.
Apesar dos desafios, a equipe docente da Ângelo Antônio Fernandes Biase celebra os avanços dos alunos, que mostraram progresso significativo ao longo do ano letivo. Mesmo diante das dificuldades trazidas pela pandemia e pela migração, muitos estudantes melhoraram suas habilidades matemáticas e de leitura ao longo do ano, demonstrando a resiliência e determinação em meio às adversidades.
Em meio a todo esse cenário, Pacaraima vive sua vida transfronteiriça, com alunos venezuelanos vindos diariamente de Santa Elena de Uairén para frequentar a escola. Com a colaboração e dedicação dos profissionais da educação, a esperança é que esses alunos possam superar as barreiras e ter um futuro promissor, seja no Brasil ou em outro lugar.