Problemas na Bienal do Livro de São Paulo
A estratégia da Bienal do Livro de São Paulo de mudar de endereço para o conforto dos visitantes não funcionou bem no primeiro sábado de evento (7), dia tradicionalmente mais cheio.
O Distrito Anhembi foi tomado por uma sensação de forte lotação, com filas que ocupavam parte considerável dos corredores e fluxos de leitores circulando com malas de viagem —que usaram o chão como pausa para descanso.
O aumento de 15% do espaço, em comparação com o Expo Center Norte, onde se deu o evento há dois anos, foi pouco sentido. Os corredores, mesmo mais largos, foram dominados por filas em caracol de leitores para entrar nos estandes. Houve relato de confusões em filas, que eram tantas que se misturavam.
A professora Felipa de Fátima, 59, que frequenta o evento há anos, sentiu dificuldade de se locomover. “É muito tumulto, é muita gente. Você não sabe onde começa e onde termina a fila para comprar os livros. Tem sido muito difícil ir ao banheiro também.”
Felipa demorou duas horas para chegar à Bienal. Ela pegou um dos ônibus gratuitos que o evento disponibilizou ao lado da estação Portuguesa-Tietê. O atraso fez com que ela perdesse uma palestra que tinha interesse em ver.
O acesso à Bienal foi dificultado pelo trânsito intenso nas marginais com os desfiles militares de 7 de Setembro que aconteceram no Sambódromo, ao lado da Bienal. Com os bloqueios, visitantes optaram por ir a pé da estação até o evento.
Filas se formaram também ao redor dos estandes. O estudante Marcelo, 17 anos, levou uma hora para comprar os livros que queria. “Entramos, escolhemos e agora estamos nessa segunda fila, que está dando uma volta no estande, para pagar”, disse. Ele tinha a expectativa de encontrar bons preços no evento —o que não aconteceu, segundo ele.
Outra estratégia da Bienal para impedir filas foi a retirada online de senhas para os autógrafos de autores. Na prática, o cenário foi outro.
Às 15h, minutos antes de abrir a sessão de autógrafos da escritora americana Lynn Painter, uma fila de adolescentes atravessava a frente do espaço que a organização selecionou para o encontro. Os jovens apinhados bloquearam a entrada para o banheiro e o acesso às barracas de comida. Alguns fãs sentaram no chão, o que atrapalhou quem andava pela área.
A estudante Laura Mendes, 16, entrou na fila para autógrafos de Lynn Painter com 40 minutos de antecedência. “Houve uma pequena confusão, porque teve gente que achou que era a fila do banheiro. Tinha a fila dos autógrafos do Felipe Neto também, o que confundia ainda mais”, afirma Lara.
Um cenário semelhante também foi visto na segunda sessão de autógrafos do youtuber e autor. Sentada no chão, a estudante de fisioterapia Manuela Cavalcante, de 20 anos, contou à Folha que chegou ao espaço com uma hora de antecedência.
“Estou aqui pela minha irmã e pela minha prima. Elas tentaram a senha, mas não conseguiram”, disse. “Eu cheguei e fiquei meio perdida. Já tinha gente esperando aqui fora”, disse com uma edição do livro “Como Enfrentar o Ódio” em mãos.