Julgamento no Reino Unido expõe erros da BHP Billiton que levaram ao rompimento da barragem em Mariana, diz escritório de advocacia

A tragédia em Mariana resultou na morte de 19 pessoas, além do feto de uma das sobreviventes, e liberou 40 milhões de metros cúbicos de resíduos e lama tóxicos no Rio Doce. Os impactos dessa tragédia foram catastróficos e duradouros nas comunidades e empresas da região.
O julgamento teve início nesta segunda-feira e irá se estender até 5 de março de 2025. As audiências começaram com as declarações iniciais dos advogados das partes envolvidas, com a exposição feita pelo PG.
De acordo com o escritório Pogust Goodhead, a Samarco, responsável pela Barragem de Mariana, era uma joint venture entre a BHP e a Vale. O Conselho de Administração da Samarco, segundo relatos do PG, era composto por representantes majoritários da BHP e da Vale, sem a presença de membros independentes em sua diretoria executiva.
Durante as audiências, o tribunal ouviu que a BHP tinha conhecimento, pelo menos três anos antes do rompimento, de que a Vale estava despejando quantidades excessivas de rejeitos na barragem, indo contra o contrato estabelecido entre as empresas.
O escritório também afirmou que a BHP aprovou planos para aumentar a altura da barragem, mesmo sabendo dos riscos e dos sinais de estresse severo apresentados pela estrutura.
A BHP, por sua vez, refutou as alegações, alegando que sempre manteve operações e gestão independentes e que está colaborando com as autoridades brasileiras para o processo de reparação e compensação em andamento.
A empresa destaca o trabalho realizado pela Fundação Renova, criada em 2016, que já destinou mais de R$ 38 bilhões em auxílio financeiro emergencial, indenizações, reparação do meio ambiente e infraestrutura para as pessoas e comunidades afetadas pela tragédia em Mariana.