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Transtornos alimentares: a luta por mais assistência e profissionais especializados no combate aos comportamentos anormais no Brasil.




Artigo: Desafios no combate aos transtornos alimentares

A pouca informação sobre a assistência disponível para quem apresenta transtornos alimentares, o reduzido número de unidades públicas especializadas e leitos correlatos e a falta de profissionais preparados para esse atendimento são empecilhos no combate aos comportamentos alimentares anormais que afloram em todo o país, inclusive atingindo considerável parcela infantojuvenil. A questão foi levantada em audiência pública nesta quinta-feira (5), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), quando se debateu medidas de prevenção e de tratamento dessas condições.

Autora do requerimento para a audiência, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) salientou a preocupação de famílias que buscam ajuda diante dos crescentes casos de transtorno alimentar. A parlamentar destacou ainda a problemática das redes sociais, que apresentam pseudoespecialistas ou influencers que acabam por mal informar e influenciar principalmente o público formado por crianças e adolescentes.

O Brasil tem hoje apenas 15 centros públicos para atendimento de transtorno alimentar e apenas uma enfermaria especializada em toda a América Latina, localizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), onde há imensa fila para dez leitos destinados a atender brasileiros e estrangeiros.

— Fico revoltado que não haja outros centros de excelência que possam receber essas pessoas — disse o professor e representante do Programa de Tratamento de Transtornos Alimentares do HCFMUSP, o psiquiatra Táki Athanássios Cordás.

Entre os principais desafios apontados durante a audiência estão a falta de estrutura para atendimento, a escassez de profissionais qualificados e os altos custos envolvidos no tratamento dos transtornos alimentares. A representante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Priscilla Gil, ressaltou as dificuldades encontradas tanto na rede privada quanto no Sistema Único de Saúde (SUS) para lidar com esse tipo de condição.

Tratamento caro

O tratamento de transtorno alimentar é caro, exige uma equipe multidisciplinar bem formada para o atendimento, que geralmente é longo e, às vezes, pode transcorrer por uma vida inteira. Representante da SBEM, Priscilla Gil afirmou que as dificuldades encontradas na rede privada são multiplicadas no SUS.

Ela salientou que não há como priorizar campanhas, se não houver como tratar e internar os pacientes.

— O paciente com transtorno alimentar está em sofrimento, mesmo que não tenha recebido o diagnóstico. (…) Precisamos ampliar os centros para internação, ampliar as verbas dos centros que já têm propriamente execução e são capazes de multiplicar essas ações e contratar mais profissionais com plano de carreira para poder trabalhar nesses locais e atender esses pacientes que estão em tão grande sofrimento — expôs a representante da SBEM.


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