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Ditador egípcio alerta sobre perigo de escalada do conflito em Gaza em meio a troca de mísseis entre Israel e Hezbollah




Artigo sobre Conflito entre Israel e Hezbollah

Conflito entre Israel, Hezbollah e suas Implicações na Região

No último final de semana, horas após Israel e a milícia libanesa Hezbollah trocarem uma série de mísseis em um novo e significativo atrito entre as duas partes, o ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, alertou um alto general dos Estados Unidos sobre o perigo de uma escalada do conflito na Faixa de Gaza.

O Egito faz parte, ao lado dos EUA e do Qatar, da equipe de mediadores que negocia um cessar-fogo em Gaza. O território palestino é alvo de uma campanha militar israelense desde o ataque terrorista de 7 de outubro do ano passado, perpetrado pelo grupo terrorista Hamas, que controla a região.

Ao general Charles Quinton Brown, que estava de passagem pelo Egito, al-Sisi frisou que a comunidade internacional precisa “fazer todo o esforço e intensificar as pressões para neutralizar a tensão e deter a escalada que ameaça a segurança e a estabilidade de toda a região”, segundo declaração publicada por seu gabinete.

As palavras de estadista ajudam al-Sisi a polir sua imagem, opina Hossam el-Hamalawy, pesquisador e ativista egípcio baseado na Alemanha. “E a guerra em Gaza basicamente ajudou a consolidar ainda mais seu regime”, afirma.

Crises globais como oportunidade para consolidar domínio autoritário

Em um artigo recente para o instituto de pesquisas britânico Chatham House, especialistas afirmam que al-Sisi “parece estar esperando que a raiva popular se concentre em Israel e, em menor medida, nos EUA, por apoiarem suas ações em Gaza”.

O governante autoritário do Egito não parece ser o único líder na região que conta com isso.

Nos últimos dois anos, governos na Argélia, Tunísia, Líbia e Marrocos souberam “explorar várias crises globais —incluindo guerras, migração e populismo crescente na Europa—, para reviver seus governos vacilantes”, analisaram os pesquisadores Alia Brahimi e Karim Mezran, do instituto de pesquisa americano Atlantic Council, em um texto publicado em julho.

Gaza como distração de problemas locais

Na Tunísia, ativistas dizem que seu chefe de Estado cada vez mais autoritário, Kais Saied, tem usado uma postura pró-palestinos para distrair os locais da crise econômica do país e da repressão à oposição tunisiana.

Gaza é uma constante nos discursos de Saied e nas redes sociais, afirmou a escritora tunisiana Tharwa Boulifi em um artigo de opinião para o The New Arab publicado em março. “Desde outubro, ativistas que protestam pela libertação de prisioneiros políticos se tornaram irrelevantes para a mídia local, que se concentra predominantemente nos protestos pró-Palestina”, ela relatou.

Conflito também pode ser faca de dois gumes

Apesar dos ganhos que alguns autoritários possam ter extraído da guerra em Gaza, a questão também pode ser uma faca de dois gumes. A causa palestina é cara à maioria das pessoas comuns no Oriente Médio. Muitos cidadãos têm se queixado de que, apesar da defesa retórica da causa dos palestinos, a maioria dos líderes árabes não fez o suficiente para viabilizar um cessar-fogo.

Os líderes árabes “estão entre os praticantes mais experientes de realpolitik [política real] no mundo, e eles têm um histórico de ignorar as preferências de seu povo”, escreveu Marc Lynch, professor de ciência política e relações internacionais na Universidade George Washington.


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