Nas redes sociais, apostadores já compartilham análises sobre as eleições. Um influente dono de uma página de dicas sobre apostas esportivas revelou em suas redes sociais que a política se tornou a modalidade em que ele mais obtém sucesso nas apostas.
“Não consigo cravar ainda quem sairá vencedor em São Paulo. Acredito que Guilherme Boulos tem a melhor chance contra Marçal, e Marçal tem a melhor chance contra Boulos. Ambos teriam dificuldades contra Nunes — que, em minha opinião, venceria facilmente no segundo turno contra qualquer um deles. O problema é que, ao que tudo indica, ele não chegará ao segundo turno. Provavelmente teremos uma disputa acirrada entre Boulos e Marçal. E aí a situação vai ficar feia”, disse um usuário de plataformas de apostas.
Legalidade das apostas políticas divide opinião de especialistas. O advogado especializado em direito eleitoral, Fernando Neisser, afirma que não há impedimentos legais para apostar nos resultados das eleições no Brasil, já que a legislação não prevê restrições específicas sobre o assunto.
“Mesmo que as apostas políticas se tornem populares, isso não teria impacto no direito eleitoral — contanto que não haja compra ou influência ilícita de votos. Se alguém fizer grandes apostas para tentar manipular resultados, isso configuraria abuso de poder econômico. O verdadeiro problema seria o caixa dois, e não a própria aposta”, explicou Fernando Neisser.
Lei restringe realização e divulgação de enquetes eleitorais. Por isso, Neisser ressalta a importância de as casas de apostas deixarem claro que as odds (probabilidades) não se tratam de pesquisas eleitorais. A divulgação de pesquisa sem a metodologia adequada é proibida no país. “Se uma casa de apostas divulgar odds sem deixar claro que não se trata de uma pesquisa, isso poderia ser considerado ilegal, e a infração poderia resultar em multa de até R$ 50 mil”, alertou o advogado.
“Apesar de ser uma prática nova e ainda não regulamentada, não vejo como as apostas em resultados incertos possam entrar em conflito com o debate eleitoral ou os princípios eleitorais. É algo curioso, mas não vejo motivo para ser proibido”, concluiu Neisser.