Preparador físico da seleção feminina de basquete é demitido por post a favor do PL 1.904/2024 sobre aborto, alega intolerância religiosa.
O ex-preparador físico da seleção brasileira de basquete feminino, Diego Falcão, fez graves revelações durante uma audiência pública realizada nesta terça-feira (3) perante a Comissão de Esporte (CEsp). Falcão afirmou que seu afastamento em junho foi motivado por intolerância ideológica, dando destaque a uma publicação contra o aborto feita por ele em suas redes sociais.
A audiência foi solicitada pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), que também presidiu o evento e lamentou a ausência do presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Guy Peixoto Júnior.
Segundo Falcão, a diretora do basquete feminino, Roseli do Carmo Gustavo, comunicou a falta de ambiente favorável para sua permanência após a reação negativa das jogadoras da seleção à sua publicação sobre o Projeto de Lei 1.904/2024, que equipara a pena para a interrupção da gestação avançada à de homicídio (20 anos de prisão).
Durante a audiência, Diego Falcão indicou que recebeu mensagens agressivas após o post e que sua saída foi confirmada por Roseli, alegando falta de clima para trabalhar com as atletas. Ele destacou que se sentiu vítima de intolerância religiosa.
Além disso, Falcão criticou a abordagem ideológica de alguns sites de basquete feminino, que, em sua visão, influenciaram as críticas recebidas.
Estatuto da CBB
O estatuto da CBB foi mencionado durante a audiência e uma nota enviada pela entidade abordou a possibilidade de mudança na comissão técnica por motivos técnicos. O senador Girão questionou se o desligamento de Falcão realmente seguiu critérios técnicos ou se foi influenciado por suas convicções.
Demissão conjunta
O ex-técnico da seleção José Alves dos Santos Neto afirmou que ele e toda a equipe técnica renunciaram após a saída de Falcão, em solidariedade e por compartilharem dos mesmos princípios. Neto ainda destacou que o presidente da CBB foi pressionado a permitir a demissão.
Conflitos políticos
O deputado Thiago Manzoni criticou a decisão da CBB, alegando que ignorou a evolução no desempenho do basquete feminino sob a gestão de Neto, sendo influenciada por aspectos políticos.
Liberdade de expressão
Rodrigo Saraiva Marinho, do Instituto Livre Mercado, ressaltou a importância da liberdade de expressão, afirmando que a reação das atletas contra Falcão viola esse direito. Ele citou um projeto de lei que visa proteger a liberdade de expressão no âmbito esportivo.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
