
Investimentos chineses no Brasil atingem US$ 1,73 bilhão em 2023
No ano de 2023, os investimentos provenientes da China no Brasil alcançaram a marca de US$ 1,73 bilhão, representando um aumento de 33% em comparação com o ano anterior. Mesmo assim, esse valor é o segundo mais baixo dos últimos 15 anos, perdendo apenas para o ano de 2022.
Segundo Túlio Cariello, diretor de pesquisa da seção brasileira do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China), responsável pelo relatório sobre os investimentos, dois fatores são apontados como explicação para essa cifra.
“O primeiro fator é a ausência de projetos extremamente grandes em termos de aporte de capital em 2023”, ressalta Cariello. “Diferentemente do início dos anos 2010, quando ocorreram investimentos significativos, neste momento os principais investimentos foram direcionados às fábricas de carros elétricos da BYD e da GWM, sobretudo com a entrada da primeira no Brasil. No entanto, são projetos de longo prazo, o que resulta na divisão dos valores anunciados ao longo do período de implementação.”
A segunda explicação para o montante relativamente baixo está relacionada ao câmbio. A desvalorização do real em relação ao dólar tem impacto nos investimentos, que são geralmente realizados na moeda norte-americana por empresas que estão ingressando no mercado brasileiro com projetos específicos.
Cariello destaca ainda que o aumento dos investimentos chineses no Brasil em 2023 ocorreu mesmo diante de uma queda de 17% no capital estrangeiro recebido pelo país de forma geral.
Além disso, a discussão sobre a possível adesão do Brasil à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), projeto chinês de infraestrutura no exterior, tem gerado expectativas quanto ao potencial de aumento dos investimentos chineses no país. Embora o CEBC não tenha uma posição oficial sobre o tema, Cariello observa que o Brasil já segue o espírito proposto pela BRI em relação à prioridade dada à infraestrutura.
Por fim, o relatório aponta que os investimentos chineses estão cada vez mais concentrados em setores de “energias verdes”, como energia solar, eólica e carros elétricos, representando 72% do total em 2023. Isso reflete a competitividade da China nesses segmentos e a busca por ser reconhecida como líder no desenvolvimento sustentável.
De modo geral, a relação entre o Brasil e a China é caracterizada pela pragmatismo, segundo Cariello. Mesmo em governos críticos à China, como o de Bolsonaro, grandes projetos saíram do papel e o comércio entre os dois países atingiu recordes. Os investimentos chineses têm atraído tanto governadores de oposição quanto do PT, evidenciando a natureza pragmática dessa relação, independente de afinidades políticas.