
Durante sua campanha, Fico se posicionou contra o apoio da Eslováquia à Ucrânia e prometeu interromper a ajuda ao país vizinho no combate à invasão russa, começando pela suspensão do envio de novas armas. A Eslováquia já havia repassado cerca de 1,3% do seu Produto Interno Bruto em auxílio militar e econômico à Ucrânia.
Com 99% dos votos apurados, o partido Smer, de orientação nacionalista, obteve 23,34% dos votos e precisará formar um governo de coalizão, já que não terá maioria no parlamento do país. A disputa pelo segundo lugar revela que Fico provavelmente cumprirá suas promessas em relação a Kiev, caso dependa apenas da política local.
O partido Eslováquia Progressista, que era apontado como possível vencedor nas pesquisas boca de urna, acabou ficando em terceiro lugar, com cerca de 17% dos votos. O Hlas, partido dissidente do Smer, ficou em segundo lugar e pode integrar a coalizão de Fico.
Outros partidos nacionalistas, como o Partido Nacional Eslovaco (SNS) e o Republika, ambos de ultradireita e contrários à União Europeia e à Otan, podem participar do governo. No entanto, apenas o SNS conseguiu alcançar o limite mínimo de 5% dos votos para ingressar no parlamento. O líder do SNS, Andrej Danko, afirmou que já se considera parte da nova coligação.
Uma coalizão nacionalista com tendências ultradireitistas reforçaria as promessas de Fico, tornando Bratislava a primeira integrante da Otan e da União Europeia a suspender o apoio a Kiev e encerrar as sanções contra a Rússia.
Essa possível mudança na política externa da Eslováquia pode marcar um ponto de inflexão para o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que também enfrenta ameaças do aliado russo Viktor Orbán, líder da Hungria e crítico das sanções contra Moscou.
Além disso, a Polônia, que antes era um grande apoiador do esforço militar ucraniano, decidiu recentemente interromper o envio de ajuda militar à Ucrânia, visando aumentar seu próprio armamento. A decisão reflete as pressões enfrentadas pelo partido polonês PiS (Lei e Justiça), que tem enfrentado pressões ainda mais à direita, incluindo de siglas extremistas.
Também pesam nessa decisão o plano anunciado pelo presidente polonês Andrzej Duda e pelo primeiro-ministro Mateusz Morawiecki de fortalecer o exército terrestre do país até 2026, além do quase 1 milhão de refugiados ucranianos na Polônia e o embargo polonês aos grãos ucranianos.
Em resumo, a vitória do partido Smer e a possível formação de um governo de coalizão com tendências nacionalistas na Eslováquia podem representar um revés para a Ucrânia e fortalecer a posição da Rússia na região. A mudança na política externa eslovaca também pode afetar as relações com a União Europeia e a Otan. Além disso, a decisão da Polônia de suspender o envio de ajuda militar à Ucrânia reflete as pressões internas e a ênfase na segurança nacional.