Número de pacientes na fila por transplante de córnea quase triplicou no Brasil em uma década, alerta Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Analisando os dados, é possível observar que o impacto da pandemia da covid-19 foi significativo nos procedimentos eletivos, resultando em um aumento expressivo na fila de espera por transplantes de córnea durante o ano de 2020. O aumento foi de 33%, passando de 12.212 pacientes em 2019 para 16.337 em 2020. Nos anos subsequentes, a lista de espera continuou crescendo, chegando a 26.905 pacientes em 2023.
A Região Sudeste lidera o número de pacientes em lista de espera ao longo dos anos, com São Paulo apresentando um considerável aumento na fila, principalmente entre 2019 e 2023. O Rio de Janeiro e outros estados, como Rio Grande do Sul e Pernambuco, também registraram crescimento rápido no número de pacientes aguardando por um transplante de córnea.
O tempo de espera para realização dos transplantes é outro desafio enfrentado, com uma média nacional de 194 dias, pouco mais de 6 meses. Alguns estados, como Maranhão e Pará, apresentam tempos de espera mais longos, chegando a quase 19 meses. Para zerar a fila de espera, seria necessário praticamente dobrar a capacidade anual de transplantes, conforme estimativa do CBO.
O aumento na demanda por transplantes de córnea destaca a importância da conscientização sobre a doação de órgãos e a necessidade de investimentos em infraestrutura para bancos de olhos em todo o país. Durante o 68º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, promovido pelo CBO em setembro, a temática dos transplantes de córnea estará em foco, com discussões sobre as medidas necessárias para enfrentar esse desafio e reduzir a fila de espera.