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Crise climática afeta exportações do agronegócio brasileiro
Com o agravamento das crises climáticas a cada ano, o setor agropecuário brasileiro enfrenta preocupações crescentes, especialmente em relação às exportações, principalmente aquelas que passam pelo Arco Norte. Nos últimos anos, essas exportações têm aumentado sua participação no total do país.
Em 2023, a crise climática mostra-se mais rigorosa e deve impactar o transporte de grãos pelas hidrovias. As regiões Centro-Oeste e Norte têm aumentado a produção de grãos, mas as condições de escoamento estão cada vez mais vulneráveis a esses fenômenos.
“Estamos vivendo no limite e qualquer falha pode ter consequências graves”, alerta Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
A saída de mercadorias pelos portos do Arco Norte já se mostra reduzida neste ano, e os efeitos do clima devem se intensificar a partir deste mês. A produção agrícola foi fortemente impactada, o que ameniza um pouco o cenário de crise previsto para este ano.
A região Centro-Oeste, principal produtora nacional de grãos, colheu 67,8 milhões de toneladas de soja, uma redução de 13% em relação ao ano passado. Para o milho, a queda esperada é de 12%, com um volume de 68 milhões de toneladas, de acordo com estimativas da Conab.
Em 2022, os portos do Arco Norte chegaram a superar Santos (SP) em volume de grãos exportados, devido a dificuldades de navegabilidade nos rios que desviaram parte da produção do Centro-Oeste para o Sudeste e Sul. No entanto, com a quebra de safra prevista para este ano, não será necessário desviar a produção de algumas regiões para esses portos.
Elisângela ressalta a importância de lidar com as incertezas do clima, especialmente diante do crescimento constante na movimentação de carga devido à produção recorde obtida. Além do desenvolvimento de ferrovias, é vital investir em melhorias nas hidrovias, como a dragagem e derrocamento de pedras, para garantir maior uso dessas vias para transporte de mercadorias e grãos.
Conab alerta para a aceleração na baixa dos níveis de água do rio Tapajós, no Pará, o que exigirá operações com barcaças em capacidade reduzida mais cedo do que o esperado. Medidas de redirecionamento do fluxo para outras áreas, como Santarém (PA) ou Santos, podem se fazer necessárias.
As exportações de soja pelos portos do Arco Norte de janeiro a julho deste ano recuaram para 27,5 milhões de toneladas, representando 36,5% do total exportado pelo país. Já as exportações de milho também foram impactadas pela quebra de safra, com 4,1 milhões de toneladas passando pelos portos da região, 49% do total nacional.
Fertilizantes
As importações de adubo pelos portos do Arco Norte de janeiro a julho superaram as do Porto de Santos. A liderança fica com Paranaguá, por onde entraram 5,5 milhões de toneladas. Medidas de previsibilidade e investimentos em infraestrutura são essenciais para garantir a continuidade do transporte de grãos e mercadorias, mesmo diante das incertezas climáticas.