Durante a pandemia, o presidente Bolsonaro travou diversos embates com o Supremo Tribunal Federal, tentando impor uma leitura muito particular da Constituição. No entanto, acabou perdendo todas as disputas. Além disso, convocou seus seguidores fanáticos para manifestações contra os tribunais superiores, com o objetivo de interferir nas eleições e provocar o impeachment de ministros, mas sem sucesso.

AS VITÓRIAS

A maior vitória de Bolsonaro, sem dúvida, foi a eleição de 2018. No entanto, outro feito relevante foi o aniquilamento da direita democrática como alternativa de poder. Aqueles que hoje se opõem ao campo progressista no Brasil precisam, de alguma forma, pagar tributo à extrema-direita, devido à falta de uma direita moderada. Os “liberais” brasileiros, em sua maioria, optaram por abraçar o desastre e se tornaram reacionários explícitos, sem qualquer pudor.

Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, no prefácio de “Como Salvar a Democracia”, mencionam o conceito de pessoas “semileais” à democracia, comparando-as a figuras como Hitler, Mussolini, Franco, Trump e Bolsonaro. Os brasileiros foram mais eficazes em lidar com ameaças golpistas do que os americanos, de acordo com os autores, graças à aceitação do resultado das urnas por parte da direita e à atuação do Judiciário.

O livro “Como as Democracias Morrem”, dos mesmos autores, tem alcance universal e também se aplica ao Brasil. Já a obra mais recente foca nas fragilidades do regime democrático americano. No entanto, há elogios ao TSE no Brasil, ressaltando a atuação do tribunal para preservar a democracia, mesmo sendo considerada controversa.

A controvérsia faz parte do jogo político, com insatisfações em relação a algumas decisões. O importante é verificar se houve atuação contrária à lei e se as ações contribuíram para salvar a democracia. Tanto o TSE quanto o STF podem servir de inspiração para os americanos que buscam preservar sua democracia, destacando a importância de instituições autônomas e independentes de partidos políticos.