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MPF de São Paulo move ação contra 46 ex-agentes da ditadura por torturas, mortes e desaparecimentos de opositores do regime

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo tomou uma iniciativa corajosa ao entrar com uma ação na Justiça Federal pedindo a responsabilização de 46 ex-agentes da ditadura militar. Os agentes são acusados de envolvimento direto ou indireto em torturas, mortes e desaparecimentos de 15 opositores do regime. A ação, de caráter civil, busca que estes ex-agentes ou suas famílias, no caso de já terem falecido, ressarçam o Estado brasileiro, que precisou indenizar as vítimas da ditadura.

Entre os réus estão ex-agentes como o ex-delegado do Dops Sérgio Paranhos Fleury e o ex-comandante do DOI-Codi Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foram figuras de destaque na repressão durante o período militar. Segundo o MPF, a ação visa cumprir recomendações da Corte Interamericana de Direitos Humanos e da Comissão Nacional da Verdade, buscando promover medidas de reparação, preservação da memória e elucidação da verdade sobre os fatos ocorridos na ditadura.

Esta não é a primeira vez que o MPF age contra agentes da ditadura militar. Em março, outra ação civil pública foi ajuizada pedindo a responsabilização de 42 ex-agentes envolvidos na repressão de 19 militantes. Para o Ministério Público Federal, os atos de tortura cometidos durante a ditadura são considerados crimes contra a humanidade e não deveriam ser amparados pela Lei da Anistia, que anistiou crimes políticos cometidos no período.

Além de solicitar a responsabilização civil dos ex-agentes, o MPF requer que a União e o estado de São Paulo executem medidas de reparação e preservação históricas, além de esclarecer violações de direitos cometidas durante a ditadura. O objetivo é que sejam criados espaços de memória tanto online quanto físicos, e que módulos educacionais sobre igualdade de gênero sejam promovidos para integrantes das Forças Armadas e órgãos de segurança pública.

Recentemente, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, retomou os trabalhos da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura. Os trabalhos haviam sido interrompidos em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro. Para Almeida, o trabalho da comissão é importante para fazer justiça e combater narrativas mentirosas sobre o passado do Brasil.

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