Endividamento dos países ricos compromete crescimento econômico nas nações menos desenvolvidas, alerta presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento
Dilma ressaltou que uma parte significativa dos capitais disponíveis no mercado financeiro é destinada a economias avançadas para emissão de títulos da dívida pública, dificultando assim a busca por recursos por parte dos países do Sul Global para reduzir a pobreza, investir em infraestrutura e garantir acesso a serviços básicos como educação e saúde. A presidenta também mencionou que as economias desenvolvidas acumulam uma dívida combinada de cerca de US$ 87 trilhões, o que impacta a liquidez nos mercados internacionais.
Com a predominância dos fluxos financeiros para os países mais ricos, as economias em desenvolvimento e subdesenvolvidas têm enfrentado dificuldades para obter recursos no mercado internacional e para renovar suas dívidas, resultando em taxas de juros mais elevadas. Dilma alertou que a dívida tornou-se um fardo excessivo para os países em desenvolvimento, comprometendo o espaço fiscal necessário para investimentos em desenvolvimento sustentável.
Para enfrentar essa questão, a presidenta do NDB apresentou duas sugestões durante seu discurso. A primeira é a canalização da liquidez internacional para os países em desenvolvimento e a redução das altas taxas de juros. A segunda sugestão é desenvolver alternativas, como financiamentos em moedas locais desvinculados do dólar, para ampliar o espaço fiscal para investimentos.
Além disso, Dilma destacou que o NDB está trabalhando para ampliar o volume de crédito em moedas locais para os países tomadores, visando fortalecer a resiliência econômica contra possíveis choques associados às decisões de política monetária. A instituição, que tem como membros originais Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu recentemente sua base para incluir Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã, formando o Brics+.
Fundado em 2014 e em funcionamento desde 2016, o NDB tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade em países emergentes, competindo com outros bancos multilaterais. Em 2021, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh aderiram ao NDB, e a instituição segue trabalhando para atrair mais países interessados em se tornar membros. A presidenta Dilma reforçou o compromisso do NBD em promover o desenvolvimento sustentável e oferecer financiamento verde para os países membros, como parte de suas prioridades.