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Troca de comando na PF do Amazonas gera preocupação na Univaja sobre investigações em andamento, incluindo o caso dos assassinatos de Dom e Bruno.

Na última segunda-feira (26), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) manifestou sua preocupação em relação à recente mudança no comando da Superintendência da Polícia Federal (PF) no Amazonas. A entidade expressou receio de que a substituição do atual delegado à frente da regional possa interferir nas investigações em andamento, em especial no caso do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, ocorrido em junho de 2022.

O delegado Umberto Ramos Rodrigues, que estava no cargo desde março de 2023, foi substituído por João Paulo Garrido Pimentel. A Univaja emitiu uma nota na qual demonstra extrema preocupação com a redistribuição dos inquéritos sob responsabilidade do delegado anterior, que estava investigando o massacre no Rio Abacaxis. Para a entidade, a transferência do inquérito para outro delegado pode prejudicar o andamento das investigações.

No Massacre do Rio Abacaxis, seis pessoas foram executadas e duas desapareceram em agosto de 2020, em comunidades dos municípios de Nova Olinda do Norte e Borba. Cerca de 130 policiais foram investigados e suspeitos de participação nos crimes. Além disso, o caso dos assassinatos de Dom e Bruno ainda aguarda definição da data para o júri popular dos três réus.

O líder Eliésio Marubo enfatizou a importância da transparência em relação à troca de comando na PF no Amazonas. Ele destacou o compromisso e a expertise do delegado Umberto Ramos Rodrigues, especialmente no que diz respeito ao combate ao crime organizado. Marubo também alertou para possíveis alianças políticas em jogo nos bastidores, sugerindo que figuras ligadas aos casos em investigação podem se beneficiar de foro privilegiado.

Diante desse cenário, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) formou um grupo de trabalho para garantir a segurança de 11 membros da Univaja. No entanto, até o momento, nenhum plano de ação foi executado. Eliésio Marubo mencionou a possibilidade de recorrer à corte internacional de justiça caso as medidas prometidas não sejam implementadas.

A Agência Brasil entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e aguarda mais informações sobre o caso. A preocupação da Univaja e a incerteza em relação às investigações em curso colocam em destaque a importância da transparência e eficácia das autoridades competentes no combate à impunidade e proteção dos povos indígenas na região amazônica.

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