Além de realizar o resgate dos animais, os policiais também têm a missão de coletar informações das autoridades do Suriname para identificar os responsáveis pelo tráfico destas espécies. A equipe busca compreender as rotas e táticas ilícitas utilizadas pelos contrabandistas de animais. A previsão é que o retorno ao Brasil ocorra na quarta-feira, dia 23.
Os micos-leões-dourados serão submetidos a um período de quarentena no Zoológico Municipal de Guarulhos e posteriormente serão incluídos na população de segurança desta espécie. A população de segurança se refere aos animais mantidos em instituições de manejo ex situ, tanto no Brasil quanto no exterior. Estes animais têm sua genealogia conhecida e são manejados de forma a garantir uma população viável do ponto de vista demográfico e genético, com o objetivo de futuras liberações na natureza.
As reintroduções de micos entre as décadas de 1980 e 2000 foram de importância fundamental para o restabelecimento desta espécie, que atualmente conta com uma população estimada em 4.800 indivíduos, segundo pesquisadores.
Todos os micos passarão por uma avaliação criteriosa, incluindo aspectos individuais, comportamentais e de saúde. Durante o período de quarentena, serão coletadas amostras biológicas para investigação do parentesco entre os indivíduos e a origem populacional, o que ajudará nas investigações sobre a rede de tráfico. Após a obtenção destes resultados, os animais poderão ser oficialmente integrados ao Programa de Manejo da espécie, com orientações sobre a melhor destinação de cada animal.
As 29 araras-azuis-de-lear serão levadas para Cananeia, em São Paulo, onde passarão por medidas de quarentena e avaliação. Estas araras contribuirão para o manejo populacional da espécie. Após a realização das análises sanitárias, comportamentais e genéticas, elas serão destinadas pelo Programa de Manejo de acordo com a sua atribuição mais importante dentro do plano de conservação.
O principal objetivo do programa é revitalizar a população de araras-azuis-de-lear na natureza. Desde 2019, grupos de araras originárias deste programa, envolvendo animais nascidos em cativeiro e resgatados, têm sido liberados na caatinga, elevando a população do Parque Nacional Boqueirão da Onça de 2 para 19 indivíduos, sendo que quatro deles são filhos de um casal reintroduzido em Boqueirão.
Tanto a arara-azul-de-lear quanto o mico-leão-dourado são espécies endêmicas do Brasil e estão categorizadas como Em Perigo de extinção, tanto na avaliação global quanto na nacional. Ambas as espécies possuem populações extremamente reduzidas na natureza, sendo que a maior parte delas está restrita a Unidades de Conservação sob a gestão do ICMBio.