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Genocídio e resistência: a luta dos Laklãnõ/Xokleng pela sobrevivência em terras usurpadas das frentes de colonização

Os impactos da colonização nas terras dos Laklãnõ/Xokleng

No amanhecer, os Laklãnõ/Xokleng eram afugentados “pela boca da arma”. Relatos de bugreiros descrevem um assalto brutal, onde tiros eram disparados seguidos pelo corte das orelhas, como se corta uma bananeira, utilizando facões afiados. O corpo desses indígenas era desumanizado, transformado em mercadoria, com mulheres e crianças sendo exibidas e vendidas como propriedade. Sobreviventes eram poucos, e vingança era certa.

Esse é apenas um fragmento sombrio da história dos Laklãnõ/Xokleng, um povo indígena que viu suas terras sendo usurpadas pela força ao longo dos séculos. Frentes de colonização avançaram sobre seus territórios no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, deixando escassez de recursos e conflitos como marcas da presença dos imigrantes.

O antropólogo Silvio Coelho dos Santos descreve em seu livro Os Índios Xokleng – Memória Visual um processo genocida de dizimação dos indígenas, resultando em práticas violentas e desumanas. A luta desigual levou os Laklãnõ/Xokleng a buscar estratégias de “pacificação” com os colonos, mas as condições nas reservas eram dramáticas, com restrições a rituais, caça e coleta, e trabalho forçado semelhante à escravidão.

Apesar da promessa de uma terra de 60 mil hectares, gradualmente os indígenas foram perdendo espaço, principalmente com a construção da Barragem Norte na Terra Indígena (TI) para fins de represamento de água. Este projeto afetou diretamente a vida dos Laklãnõ/Xokleng, diminuindo seu território e impactando seu modo de vida.

Hoje, mais de 2 mil pessoas vivem na reserva, um número significativo em comparação com as 126 pessoas registradas em 1932. A história dos Laklãnõ/Xokleng é marcada por violência, resistência e sobrevivência, um testemunho da luta dos povos indígenas brasileiros contra a exploração e o genocídio.

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