Anúncio de “Inteligência Artificial Brasileira” Gera Controvérsias no Setor de IA
No dia 30 de julho, durante o lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia), uma startup chamada Widelabs apresentou o Amazônia IA, sendo descrito como “o primeiro modelo de linguagem grande (LLM) conversacional robusto em português brasileiro”. Apesar do feito anunciado, especialistas e pesquisadores do setor de IA têm levantado questões sobre a legitimidade e originalidade do produto.
De acordo com a CEO da Widelabs, Nelson Leoni, o Amazônia IA foi aprimorado a partir de um modelo existente, como o GPT-4 da OpenAI ou o Gemini do Google, através de um processo chamado de “fine tuning”. Isso gerou críticas por parte da comunidade que aponta a empresa por se firmar como pioneira no desenvolvimento de uma IA brasileira, ignorando iniciativas já existentes no país.
Em resposta à polêmica, a Widelabs enfatiza a nacionalidade do Amazônia IA, mencionando que o modelo “nasceu no Brasil” e é “nativo em português”. Entretanto, o uso de um modelo pré-treinado de origem internacional levanta dúvidas sobre a real soberania da IA.
Diogo Cortiz, especialista em IA, destaca que o desenvolvimento de um LLM do zero demanda recursos financeiros significativos, algo atualmente restrito a grandes empresas do setor. O Amazônia IA teria sido treinado com dados em português provenientes de diversas fontes, acompanhando as diretrizes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
A falta de transparência da Widelabs em relação ao modelo pré-treinado utilizado tem gerado críticas e questionamentos por parte de outros profissionais do setor. A Maritaca AI, empresa concorrente, desafiou publicamente a Widelabs a participar de um teste de autenticidade para verificar a originalidade do Amazônia IA.
Apesar das controvérsias, a Widelabs pretende disponibilizar o Amazônia IA para desenvolvedores em breve, permitindo a avaliação e teste do produto por profissionais do setor. A empresa ressalta a importância do desenvolvimento nacional e parcerias estratégicas, mesmo que envolvam empresas internacionais como Oracle e Nvidia.
