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Pastores Marco Feliciano e Henrique Vieira divergem sobre política: a complexa relação entre religião e política.




Henrique Vieira e a separação entre religião e política

Henrique Vieira prefere separar religião e política. O Pastor Henrique Vieira disse que quando estava decidindo se iria lançar para deputado federal, se afastou da própria igreja, porque não queria que a sua candidatura e a sua pregação se misturassem. “Eu me licenciei do púlpito da minha própria igreja”.

Contra campanha no púlpito. Para o pastor, a sua própria presença no ambiente religioso já poderia ser um indicativo de interferência política, o que ele é veementemente contra. “Sendo candidato, a minha presença já era campanha”, explica o pastor da Igreja Batista do Caminho. “Amando a minha igreja, amando pregar, amando estar com meus irmãos e irmãs, fiz o sacrifício de não ir. Eu sou contra fazer campanha nas igrejas, distribuir santinhos, usar o púlpito para ameaçar as pessoas sobre em quem elas devem votar”, afirma Vieira.

Já o pastor Marco Feliciano não consegue separar a sua atuação como pastor da de deputado federal. Ele é o líder da Catedral do Avivamento, igreja neopentecostal ligada à Assembleia de Deus e reconhece que a maior parte dos seus eleitores são cristãos. “Não há como separar, pois ambos [pastor e deputado] falam ao povo, ambos são tribunos por natureza, a diferença são os ‘sermões’: na Câmara, os debates políticos; nos púlpitos, as pregações espirituais”.

Para os especialistas, na prática, a separação entre política e religião é ainda mais complexa do que parece. A pesquisadora da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) Raquel Rocha estuda as interferências religiosas na política e percebe que para a maior parte dos evangélicos o senso de comunidade e pertencimento é que os mantém frequentando a igreja – a consequência disso é que ser representado por um “irmão da igreja” é uma vontade individual.

Mesmo que um pastor não peça voto, se um ‘irmão da igreja’ — que é alguém de confiança de boa parte da igreja — , com ideais políticos comuns naquela comunidade religiosa se candidata, o grupo tende a se interessar pelo projeto político dele. A religião é um espaço de confiança, trocas e tão presente na vida da maioria dessas pessoas, que é natural que eles votem nesse ‘irmão’.
pesquisadora Raquel Rocha

Pastores quase sempre votam diferente

Aborto, política armamentista e a legalização da maconha são algumas pautas que mostram a diversidade de opiniões de evangélicos sobre a política. Os pastores Marco Feliciano e Henrique Vieira integram a Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial. Ambos costumam citar a Bíblia no plenário, os votos são diferentes.



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