
Candidatas negras acionam Ministério Público Federal após resultado de concurso da UFMG
Duas candidatas negras que participaram de um concurso para professores na UFMG acionaram o Ministério Público Federal para investigar a seleção, que teve apenas candidatos brancos aprovados. A polêmica ocorreu no concurso para professor (a) adjunto do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da universidade.
No processo seletivo, que disponibilizava uma vaga afirmativa para uma pessoa negra, 22 candidatos se inscreveram e 11 participaram da prova escrita. Nesta etapa, que é anônima, três mulheres negras e quatro pessoas brancas foram aprovadas. Entretanto, nas fases seguintes, as candidatas negras foram eliminadas, enquanto os candidatos brancos foram aprovados.
Após recursos apresentados pelas candidatas, a UFMG anulou a etapa de seminários no último dia 5. A nova data da avaliação ainda será divulgada. A universidade justificou a decisão afirmando que a banca foi realizada por videoconferência, o que não estava previsto no edital.
Giselle Santos Magalhães, uma das candidatas negras reprovadas, expressou sua indignação com o resultado do concurso. Mesmo tendo o melhor currículo entre todos os candidatos, Giselle recebeu nota baixa no seminário, que é uma fase subjetiva da avaliação.
Outra candidata, Raquel Arifa, também questionou a disparidade de notas entre as avaliações objetivas e subjetivas. Professores do departamento de fisiologia assinaram uma carta pedindo esclarecimentos sobre a avaliação do concurso, destacando a importância das políticas de cotas para corrigir desigualdades históricas.
A advogada Isabela Corby, que representa as candidatas, alega que a banca descumpriu regras do edital, gerando protestos e pedidos por uma nova avaliação com uma banca imparcial. A situação levanta questões sobre a transparência dos concursos públicos e a necessidade de maior preparo das universidades para lidar com questões raciais.