Comissão de juristas promove terceira audiência pública sobre anteprojeto da Lei do Processo Estrutural no Senado Federal.
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Audiência Pública no Senado discute Lei do Processo Estrutural
No dia 23 de julho, a comissão de juristas encarregada de elaborar o anteprojeto da Lei do Processo Estrutural promoveu a terceira audiência pública sobre o tema no Senado Federal. O advogado-geral da União adjunto, Flávio José Roman, ressaltou a complexidade do assunto e a necessidade de uma reflexão profunda.
“Um eventual ativismo a partir desse processo judicial estrutural, dessa intervenção do Judiciário em matérias que, tradicionalmente e constitucionalmente, são da competência, a priori e exclusiva, do Legislativo e do Executivo, podem transformar o processo estrutural em um palco de disputa indesejável entre os Poderes”, destacou Roman.
O termo “processo estrutural” surgiu nos Estados Unidos entre as décadas de 1950 e 1970 e se refere a demandas que chegam ao Poder Judiciário quando políticas públicas ou privadas não são suficientes para garantir determinados direitos. Nesses casos, a Justiça utiliza técnicas de cooperação e negociação para encontrar uma solução eficaz.
Relacionado ao conceito de ativismo judicial, o processo estrutural está ligado à atuação do Judiciário em assuntos que originalmente seriam de responsabilidade do Legislativo ou do Executivo. O projeto de lei sobre processo estrutural busca estabelecer diretrizes para a atuação da Justiça nessas situações.
Conceituação
Segundo a professora da Universidade de Brasília (UnB), Daniela Moraes, a comissão está focada na conceituação do litígio estrutural, que não se limita ao processo estrutural.
“Nossa proposta é refletir sobre a definição de casos que envolvem a reestruturação de instituições públicas e privadas, bem como a reestruturação de políticas públicas e privadas internas”, afirmou Moraes.
A secretária de Altos Estudos do STF, Patrícia Perrone, ressaltou a importância de debater a interferência do Judiciário na formulação de políticas públicas, destacando a necessidade de legitimidade democrática nesse processo.
O desembargador do TJMG, Edilson Vitorelli, relator da comissão, enfatizou a importância de estabelecer normas específicas para os processos relacionados ao processo estrutural.
Comissão
O presidente da comissão, subprocurador-geral da República Augusto Aras, elogiou a iniciativa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em reunir o grupo para elaborar o anteprojeto sobre o tema.
“Temos experiência e buscamos a construção de um novo momento legislativo capaz de encontrar soluções negociadas para grandes questões, não apenas naturais, mas também sociais”, afirmou Aras.
A comissão, composta por 15 juristas, deve apresentar um anteprojeto de lei sobre processo estrutural até 12 de dezembro, conforme determinação do presidente do Senado.