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Queimadas em São Paulo ameaçam setor de alimentos e causam prejuízos milionários em propriedades agrícolas e canaviais da região







Incêndios em São Paulo ameaçam setor de alimentos no Brasil

Incêndios em São Paulo ameaçam setor de alimentos no Brasil

No varejo de alimentos no Brasil, a preocupação é evidente diante das queimadas de grandes proporções que atingem a região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O incêndio já devastou 48 cidades e se espalhou até a fronteira com o Paraná, causando danos significativos em canaviais e plantações de milho, soja e trigo. Mesmo com o anúncio do Governo de São Paulo de que os focos de incêndio foram controlados, as preocupações persistem.

Produtores de açúcar da região, como Edmo Bernardes, assessor de comunicação da Usina Santo Antônio, destacam que o prejuízo é incalculável no momento. “Quanto mais tempo deixar a terra secando, pior será a produtividade. Por isso, não esperamos ação de nenhum órgão e temos um combinado entre usinas e produtores de agir imediatamente. Ontem, aparentemente, tínhamos conseguido”, afirmou Bernardes.

Desde o início do incêndio, na quinta-feira (22/8), duas pessoas morreram e mais de 800 foram forçadas a deixar suas casas. Até agora, cerca de 20 mil hectares foram queimados e 2.300 focos de incêndio foram identificados. Apesar da gravidade da situação, a consultoria econômica da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), Future Tank, acredita que as perdas não serão tão devastadoras devido ao fato de a safra atual ser a segunda maior produção de açúcar da história.

William Figueiredo, consultor econômico da ASSERJ, afirmou que o impacto no varejo de alimentos pode ser limitado no curto prazo. “A colheita de soja e milho começou em maio, e o país tem estoques suficientes para abastecer tanto o mercado doméstico quanto o externo. Ainda é cedo para mensurar o impacto total das queimadas”, explicou.

Para os produtores agrícolas, as consequências já são sentidas. Paulo Deoclécio, produtor de soja, milho e trigo em Campo Mourão, destacou os danos à fertilidade do solo, que levarão anos para serem revertidos. “São anos de geração de fertilidade do solo, que era cuidado com biológicos e palhada de cobertura. Agora, precisaremos passar por um longo processo de fertilização”, lamentou.

Nos supermercados, os preços dos produtos ainda não foram impactados pelos incêndios. Adenilson Vidal, diretor comercial do Supermercados Unidos, avaliou que, devido aos estoques disponíveis, as variações de preços no setor devem ser mínimas, pelo menos por enquanto.

O sócio-diretor da Real Cestas, Gustavo Defendi, alerta para os riscos a longo prazo. “Incêndios como os que ocorreram em Sertãozinho, Ribeirão Preto e região são exemplos claros do impacto que o desmatamento pode causar na cadeia produtiva. Se o desmatamento continuar nesse ritmo alarmante, corremos o risco de enfrentar sérios problemas na produção de alimentos essenciais, o que afeta diretamente os preços e a disponibilidade dos itens da cesta básica”, afirmou.

As queimadas em São Paulo também repercutiram nos mercados internacionais. Na última segunda-feira (26), as negociações de açúcar demerara abriram em alta, registrando uma elevação média de 2,66%.

Entenda o caso

Na quinta-feira (22), um incêndio de grandes proporções foi iniciado na região de Sertãozinho (SP), forçando produtores de cana-de-açúcar a se mobilizarem para tentar controlar as chamas. Novos focos surgiram na sexta-feira (23), espalhando-se rapidamente com ventos de até 70 km/h.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estimou o prejuízo causado pelas queimadas em R$ 1 bilhão. “É difícil estimar os prejuízos, mas diria que vão passar da casa de R$ 1 bilhão, seguramente. O que aconteceu tem um efeito devastador no agronegócio, muito triste, e nós vamos apoiar o setor”, afirmou Freitas em entrevista a uma emissora de televisão.

O Governo do Estado de São Paulo informou que três pessoas foram presas em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira, acusadas de terem iniciado o incêndio de forma criminosa. “São pessoas que portavam gasolina e estavam realmente ateando fogo de forma criminosa”, explicou o governador. Cerca de 15 delegacias foram mobilizadas para investigar o caso.


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