Arco Metropolitano: Da Rodovia à Cidade à Margem – Um Olhar Sobre o Crescimento Urbano Fora da Capital do Rio de Janeiro.
O potencial urbanístico do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro
Recentemente, o Arco Metropolitano tem despertado a atenção de empresários e investidores, que veem nessa rodovia uma oportunidade para o desenvolvimento de novos empreendimentos na região. O Arco Metropolitano é uma via que conecta o Porto de Sepetiba à BR 040, desviando o tráfego de veículos, especialmente de carga, das áreas urbanas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Com a concessão da rodovia para a iniciativa privada em 2022, houve um aumento significativo no fluxo de veículos, e já são visíveis algumas iniciativas empresariais que surgem ao longo do percurso. Um exemplo é o Centro de Logística Golgi, localizado no entroncamento do Arco Metropolitano com a RJ-085, que conta com um galpão de 61 mil m2 de área para locação, com planos de expansão. Além disso, há uma campanha publicitária para um empreendimento que prevê a construção de habitações, comércio e serviços em uma área de aproximadamente 5 milhões de m2, acompanhado pela proposta de um aeroporto para aeronaves particulares, denominado ArcoRio.
Essas iniciativas levantam questões sobre o planejamento urbano da região. O Estado do Rio de Janeiro carece de um órgão ativo e com capacidade de propor e implementar projetos metropolitanos, o que pode resultar em um crescimento desordenado e irregular ao longo do Arco Metropolitano. A ausência de uma estratégia coordenada pode levar à formação de uma Edge City, um tipo de área urbana surgida em entroncamentos rodoviários, predominantemente desenvolvida pelo setor privado e com foco em empregos e comércio.
O fenômeno das Edge Cities, como descrito pelo jornalista americano Joel Garreau, tem se expandido globalmente, e o caso do Arco Metropolitano evidencia como essas áreas podem surgir organicamente, sem um direcionamento claro por parte do poder público. A falta de planejamento metropolitano pode resultar em desafios futuros para a região, especialmente no que diz respeito à infraestrutura e à qualidade de vida dos habitantes.
No Brasil, onde a experimentação do capitalismo é mais evidente, observar o desenvolvimento dessas áreas urbanas privadas e isoladas das cidades tradicionais pode trazer insights sobre o futuro do urbanismo. A incógnita sobre a evolução do Arco Metropolitano e de outras regiões semelhantes persiste, enquanto o debate sobre a sustentabilidade desses modelos de urbanização ganha destaque.