Agência BrasilDestaque

Indígenas do povo Amanayé denunciam extração ilegal de madeira e omissão do Estado na proteção de seus direitos e território

Os indígenas do povo Amanayé, que residem em uma reserva na cidade de Goianésia do Pará, no Sudeste do estado, estão enfrentando sérios problemas devido à extração ilegal de madeira na região e à negligência do Estado e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em proteger e promover seus direitos. O Ministério Público Federal tomou a frente nessa questão e move uma ação civil pública pela demarcação do território reservado aos indígenas há quase oito décadas.

Segundo relatos do líder indígena Ronaldo Amanayé, além do desmatamento, os indígenas estão sofrendo com o uso de agrotóxicos, poluição das águas e ameaças por parte de invasores. Além disso, eles enfrentam dificuldades de acesso às políticas públicas, com a Funai sendo praticamente ausente na região, atuando apenas quando os indígenas precisam de auxílio específico.

Um estudo recente do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostrou que a reserva Amanayé foi uma das mais afetadas nos últimos anos pela extração ilegal de madeira, com quase 3 mil hectares desmatados. O inquérito civil conduzido pelo Ministério Público Federal identificou 37 Cadastros Ambientais Rurais em nome de particulares, que estão utilizando as terras para atividades agropecuárias, forçando os indígenas a se dispersarem para se proteger.

A população indígena Amanayé, que era de 244 pessoas em 2022, atualmente conta com apenas 125 indivíduos, distribuídos em 26 famílias. Muitos indígenas deixaram a região devido aos conflitos e à falta de condições para continuar praticando um manejo sustentável da terra, sendo obrigados a migrar para as cidades em busca de trabalho.

Diante dessa situação, o procurador da República responsável pela ação destaca a necessidade urgente de identificação, delimitação e demarcação da área indígena, além da implementação de políticas públicas para garantir a sobrevivência e o bem-estar dos Amanayé. Ele também ressalta a importância de reparação financeira da ordem de R$ 3 milhões, a serem investidos em ações que beneficiem a comunidade indígena.

A história da reserva Amanayé remonta a 1945, mas a falta de conclusão do processo de demarcação e a pressão de fazendeiros sobre as terras têm colocado em risco a existência desse povo indígena. A falta de recursos e de pessoal na Funai tem sido apontada como um dos principais obstáculos para a resolução desse conflito. A comunicação feita pela Agência Brasil com a Funai não obteve resposta até o momento.

Em suma, a situação dos indígenas Amanayé é grave e requer ação imediata por parte das autoridades competentes para garantir a preservação de seu território e de sua cultura milenar. A omissão do Estado e a exploração ilegal de recursos naturais só contribuem para a perpetuação desse cenário de violência e injustiça.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo