
Recentemente, a Organização Não Governamental (ONG) Global Witness revelou em um estudo que os ataques letais contra defensores do meio ambiente geralmente ocorrem juntamente com retaliações mais amplas. Essas retaliações são promovidas por governos, empresas e outros atores através de violência, intimidação, campanhas de difamação e criminalização.
Violência à brasileira
Em relação ao ano anterior, o número de assassinatos de ambientalistas no Brasil teve uma queda, passando de 34 para 25 vítimas em 2023. A principal fonte de dados utilizada para esse levantamento é a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que há décadas mapeia a violência no campo.
Ronilson Costa, coordenador nacional da CPT, destaca que o Brasil se configura como uma das regiões mais perigosas para aqueles que defendem o meio ambiente e a luta pela terra. “Não são apenas números, são nomes de pessoas que enfrentam difamação por defenderem seus direitos e seus povos”, ressalta Costa em entrevista à DW.
Costa aponta a concentração fundiária no país e a demora no reconhecimento dos territórios indígenas e quilombolas como uma das causas desse cenário. “Essas terras estão em disputa por diversos interesses, como a expansão do agronegócio, exploração madeireira, mineração e projetos de infraestrutura”, explica.
Entre os casos emblemáticos que exemplificam essa situação, destaca-se o brutal assassinato de Mãe Bernadete, liderança quilombola e religiosa na Bahia. Ela foi morta com 12 tiros em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, mesmo estando no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do governo federal por já ter sofrido ameaças.