Refinaria Abreu e Lima – Uma década de polêmicas e problemas ambientais

A refinaria Abreu e Lima, localizada em Ipojuca (PE), conhecida também como RNest, completará em breve uma década de controvérsias e questões ambientais não resolvidas. Desde o seu surgimento, a refinaria tem sido marcada por problemas políticos e judiciais.

Os moradores próximos ao empreendimento da Petrobras têm reclamado há anos sobre os impactos causados por gases poluentes, questionando o modelo e os dados de monitoramento da qualidade do ar na região. A Petrobras foi processada e cobrada por promessas não cumpridas, como as unidades de abatimento de emissões chamadas SNOx, que ainda não saíram do papel.

Problemas e Desafios

A primeira unidade SNOx deveria ter sido inaugurada juntamente com o trem 1 da RNest em 2014, porém, diversos atrasos impossibilitaram sua conclusão até hoje. A Petrobras promete agora entregar a unidade até o final deste ano, mas a história dos adiamentos e frustrações nos faz questionar a veracidade dessa promessa.

O custo do projeto da refinaria também disparou ao longo dos anos, saindo de US$ 2,4 bilhões para US$ 20,1 bilhões, segundo estimativas do Tribunal de Contas da União em 2021. A Petrobras defende que a RNest opera dentro da legislação vigente e garante que a instalação da unidade SNOx melhorará o desempenho ambiental da refinaria.

Impactos na Comunidade

Moradores dos arredores da refinaria têm relatado diversos problemas de saúde e ambientais. Eles associam sintomas como náuseas, vômitos e problemas respiratórios ao odor das emissões da refinaria. Alguns casos mais graves, como internações e mortes, foram registrados e atribuídos à poluição gerada pela refinaria.

A falta de ação efetiva dos órgãos de controle e a dificuldade em comprovar os danos à saúde resultaram em ações judiciais por indenizações, mas sem sucesso até o momento. A população local enfrenta desafios diários em decorrência dos impactos ambientais da refinaria.

Modelo de Monitoramento

A forma como a qualidade do ar é monitorada na RNest também levanta questionamentos. A Petrobras é responsável por contratar empresas para realizar o monitoramento e repassar os dados aos órgãos competentes. Especialistas apontam que esse modelo pode não ser o mais adequado, devido à falta de independência nas medições.

Diante de tantas polêmicas e desafios, a refinaria Abreu e Lima permanece como um ponto de controvérsia e conflito na região de Ipojuca, representando os desafios presentes na intersecção entre desenvolvimento industrial e preservação ambiental.