
Relações entre Brasil e Venezuela: Brasil se recusa a chancelar Maduro como vitorioso na eleição
Para que a conversa ocorra, ficou claro do lado brasileiro de que regras terão de ser estabelecidas sobre como seria divulgado o conteúdo e, acima de tudo, que Maduro esteja disposto a ouvir as cobranças que Lula já fez de forma pública. Ou seja: a publicação das atas da eleição, com todos os detalhes sobre a votação.
De fato, a cobrança sobre Maduro para que seja transparente nos resultados da eleição realizada no dia 28 de julho ganhou novos contorno depois que a pressão passou a incluir praticamente todos os governos latino-americanos, a aprovação por consenso de uma resolução na OEA, as denúncias de repressão por parte da ONU e a constatação dos observadores internacionais das irregularidades no processo eleitoral.
Mas fundamental nesse processo tem sido a recusa por parte do governo brasileiro de chancelar Maduro como o vitorioso na eleição. Lula, desde 2023, havia atuado para restaurar a relação bilateral, mas também para abrir caminho para uma normalização de Maduro na comunidade internacional.
O Brasil foi o fiador dos Acordos de Barbados, de outubro de 2023 e que permitia a realização das eleições, e ainda teve um papel fundamental em fazer a ponte entre Caracas e governos estrangeiros, na esperança da retirada de sanções.
Ter a chancela do Brasil para seu processo, portanto, era chave para Maduro. Nos dias seguintes à eleição, o venezuelano tentou telefonar para Lula, que se recusou a atende-lo.
Lula ainda orientou a embaixadora do Brasil em Caracas a não estar presente nos atos oficiais que designariam a vitória de Maduro.
O Itamaraty não adotou a postura de alguns dos países da região, que denunciaram a fraude na eleição e consideraram Edmundo Gonzalez como vitorioso. Isso, na visão do Brasil, fecharia a possibilidade de diálogo com Maduro.