
50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China: uma análise pragmática e desafiadora
No dia 15 de novembro, Brasil e China comemoraram 50 anos de relações diplomáticas. A data histórica tem sido celebrada por ambos os países com festividades e deve culminar na visita do presidente chinês Xi Jinping ao Rio de Janeiro, em novembro, onde é esperado que o Brasil assine o protocolo de adesão à Iniciativa de Cinturão e Rota.
As efemérides sempre proporcionam uma oportunidade para reflexão, aprendizado com erros do passado, replicação de acertos e preparação para o futuro. Vale lembrar que o estabelecimento da parceria entre Brasil e China, iniciada em um contexto marcado pelo governo militar no Brasil, seguiu a tendência de reaproximação entre Pequim e o mundo após a visita de Nixon a Mao em 1972.
É interessante observar que, anos antes, a visita de Jango à China e seu encontro com Mao foram interpretados como evidência de uma tendência comunista. O Brasil passou por um longo período de ditadura, com o intuito de combater a “ameaça vermelha”, mas bastou um sinal positivo dos EUA para que o reconhecimento de Taiwan fosse substituído pela República Popular da China.
O pragmatismo foi a palavra-chave desse processo, tanto por parte do Brasil quanto da China. A postura pragmática chinesa, que foca mais em negócios e interesses do que em questões ideológicas, foi fundamental para estabelecer laços não apenas com o Brasil, mas com diversos países ao redor do mundo.
Essa postura pragmática também foi observada no Chile, que foi o primeiro país sul-americano a estabelecer relações com os comunistas em 1970. Mesmo após o golpe de 1973, a China manteve seu embaixador na capital chilena, demonstrando sua abordagem de manter relações independentemente das mudanças de governo.
No entanto, o pragmatismo chinês, que antes era vantajoso para o capital e o Norte Global, agora se tornou um desafio. A China busca seus interesses sem se importar com as cores políticas dos governos, o que pode gerar atritos com valores ocidentais, como direitos humanos e democracia.
À medida que a China cresce e ameaça a liderança global, surgem novos desafios para países como o Brasil, que precisarão equilibrar interesses econômicos com valores fundamentais. O dilema entre pragmatismo e valores pode definir a dinâmica das relações internacionais nas próximas décadas.
Nesse contexto complexo, é fundamental que os diplomatas estejam preparados para enfrentar as mudanças ideológicas e hipócritas do cenário global, mantendo um equilíbrio entre interesses nacionais e valores universais. O futuro das relações entre Brasil e China dependerá da capacidade de conciliar esses aspectos nos próximos 50 anos.