Brasil exige divulgação das atas das eleições presidenciais na Venezuela antes de reconhecer resultado final.
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O assessor-chefe especial da Presidência da República, Celso Amorim, em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores (CRE), reiterou a necessidade da divulgação das atas das eleições presidenciais na Venezuela. Segundo o diplomata, o governo brasileiro só reconhecerá o resultado da votação após a publicação dos documentos que confirmam os totais de votos para cada candidato.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano anunciou a reeleição do presidente Nicolás Maduro com 51,95% dos votos, enquanto o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 43,18%. No entanto, organizações como a OEA, os Estados Unidos e a União Europeia contestam o resultado e exigem a transparência por meio da divulgação das atas eleitorais. Amorim declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está impaciente com a demora na publicação dos documentos.
Ultimato
Senadores tanto governistas quanto de oposição pressionaram por um prazo para que o Brasil se posicione sobre a reeleição de Maduro. A senadora Tereza Cristina citou a situação antidemocrática na Venezuela e questionou a demora na divulgação das atas. O senador Humberto Costa também cobrou uma posição do governo brasileiro.
Em resposta, Amorim evitou estabelecer um prazo para a divulgação das atas, destacando que a impaciência não é aconselhável na diplomacia. Ele afirmou que o Brasil não defendeu a realização de novas eleições, mas busca promover o diálogo entre os venezuelanos, dada a divisão no país.
Transparência
O presidente da CRE, senador Renan Calheiros, enfatizou a importância da transparência em qualquer pleito eleitoral. Já o senador Sergio Moro levantou preocupações sobre violações de direitos humanos na Venezuela e questionou Amorim sobre a postura brasileira.
“Regime de exceção”
Diversos parlamentares também expressaram repúdio a possíveis ameaças à democracia na Venezuela, chamando a atenção para o sofrimento da população. O senador Randolfe Rodrigues classificou o governo de Maduro como um “regime de exceção” e ressaltou a importância de não tolerar ameaças antidemocráticas.
A audiência pública sobre as eleições na Venezuela contou com a presença de vários senadores, e novos encontros devem ser agendados para discutir o tema. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também está previsto para participar das discussões.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)