Violência letal contra crianças e adolescentes cresce no Brasil, com números alarmantes de mortes por intervenção policial, aponta relatório do Unicef e do FBSP.

Em 2021, foram registradas 4.803 mortes violentas de crianças e adolescentes, um número que aumentou para 5.354 em 2022 e depois diminuiu para 4.944 em 2023. A oficial de Proteção contra Violências do Unicef, Ana Carolina Fonseca, expressou sua consternação diante desses dados, classificando o cenário de “estarrecedor” e “absurdo”.
O relatório destaca que o estado da Bahia não forneceu dados relativos a 2021, o que sugere que o número total de mortes violentas pode ser ainda maior. As mortes analisadas englobam diversos tipos de crimes, como homicídio doloso, feminicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes provocadas por intervenção policial, esteja o agente em serviço ou não.
A questão da violência letal contra crianças e adolescentes no Brasil também está marcada por uma forte desigualdade racial. Nos últimos três anos, a grande maioria das vítimas era composta por pessoas negras, principalmente homens, entre 15 e 19 anos. A taxa de mortes violentas entre adolescentes negros é significativamente maior do que entre brancos, apontando para a influência do racismo nesse cenário.
Além disso, o relatório ressalta o aumento do número de mortes causadas por intervenção policial ao longo dos anos, com quase uma em cada cinco mortes violentas sendo resultado de ações policiais. Os pesquisadores destacam a necessidade de políticas públicas que controlem o uso da força pelas polícias e confrontem o racismo estrutural existente na sociedade brasileira.
Diante desses dados alarmantes, é fundamental que medidas eficazes sejam adotadas para proteger a vida de crianças e adolescentes no Brasil, combatendo a violência letal e promovendo a inclusão e o respeito à diversidade. O relatório do Unicef e do FBSP serve como um alerta para a urgência de ações concretas que garantam a segurança e o bem-estar dessa parcela da população tão vulnerável.