Enquanto os líderes de Caracas se reuniam em prol da paz, no território colombiano o som de explosões e tiros ainda ecoava pelos municípios do departamento do Cauca. No último fim de semana, cargas explosivas e disparos de fuzil abalaram a região, que é palco de atuação de duas dissidências das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), grupos paramilitares e comandos do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Nesta segunda-feira (14), o presidente Gustavo Petro viajou até a cidade de Popayán para liderar um conselho de segurança com autoridades civis e militares da região. Localizado no sul do país, o departamento do Cauca abriga principalmente populações indígenas e afrodescendentes e é conhecido pela produção de folha de coca, papoula e maconha, devido às suas montanhas andinas e acesso ao oceano Pacífico.
Segundo informações, as ações militares que resultaram em mortes no Cauca foram realizadas por grupos ligados às FARC, organização que recentemente recebeu o reconhecimento político do governo colombiano na tentativa de iniciar negociações de paz. No entanto, fontes governamentais e guerrilheiras afirmam que as negociações ainda não avançaram devido à falta de vontade política de ambas as partes.
Durante o conselho de segurança presidido por Petro, autoridades relataram a grave situação social do departamento do Cauca, que está relacionada, entre outros fatores, à diminuição da produção de cocaína. Diante disso, o governo anunciou um plano de choque com investimentos sociais de emergência para combater as economias ilícitas e deslegitimar a ação dos grupos irregulares.
Enquanto o país lida com a persistência do conflito armado, uma história chamou a atenção nos últimos dias. Manuel Ranoque, pai das quatro crianças indígenas que sobreviveram 40 dias perdidas na selva após um acidente aéreo, foi preso sob a acusação de abuso sexual contra uma das crianças. Ranoque já havia sido acusado de violência intrafamiliar e abuso sexual anteriormente.
Após o acidente, as crianças sobreviventes foram resgatadas e internadas em um hospital militar, onde se recuperaram antes de serem transferidas para um abrigo estatal. Durante o período de busca, algumas hipóteses foram levantadas, inclusive a possibilidade de que as crianças estivessem se escondendo dos uniformes camuflados de militares e indígenas, incluindo o próprio Ranoque, que as agredia fisicamente quando estava embriagado.
A detenção de Ranoque trouxe uma reviravolta na história e agora o foco se volta para o futuro das crianças. A diretora do Instituto de Bem-Estar Familiar afirmou que a prioridade é garantir os direitos dos irmãos, o que exigirá tempo para proteger sua integridade até que o ambiente familiar seja seguro para o seu crescimento.
Enquanto o país enfrenta desafios complexos, a persistência do conflito armado e a busca por uma paz duradoura continuam sendo um desafio para a Colômbia.
