Líder indígena Tuíre Kayapó morre aos 54 anos, deixando legado de luta e resistência em defesa dos povos e territórios.
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Tuíre tornou-se conhecida em 1989 durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, quando, aos 19 anos, protagonizou um ato de resistência marcante contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Sua coragem ao pressionar um facão contra o rosto do então presidente da Eletronorte reverberou mundialmente, resultando na interrupção do projeto originalmente chamado de Kararaô, que foi posteriormente renomeado para Belo Monte.
Apesar de adiar a construção por 22 anos, a batalha dos indígenas foi perdida em 2011, quando o Ibama concedeu a licença para o início das obras da usina. A Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) emitiu uma nota de pesar pela perda de Tuíre, destacando seu legado de perseverança e determinação.
A Funai também manifestou profundo pesar pelo falecimento da líder indígena, ressaltando sua importância na história do país e sua atitude corajosa em defesa de sua terra e seu povo. Tuíre, nascida no território Kayapó em 1970, foi uma das primeiras ativistas indígenas mulheres e protagonizou diversas manifestações em defesa da floresta, dos territórios e dos direitos indígenas.
Em uma de suas últimas declarações públicas, Tuíre convocou o país a se unir na luta contra o Marco Temporal. Sua partida deixou um vazio na comunidade indígena, mas também uma responsabilidade ainda maior de dar continuidade à sua luta. Tuíre Kayapó será lembrada pelo seu legado de resistência, coragem e determinação, que inspirou gerações de ativistas indígenas.