Maria Corina Machado propõe “Garantias, salvo-condutos e incentivos” em transição negociada com Nicolás Maduro na Venezuela




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Garantias, salvo-condutos e incentivos: Esta é a oferta que a líder opositora María Corina Machado coloca sobre a mesa para o ditador Nicolás Maduro em uma “transição negociada” do poder na Venezuela, em meio à sua denúncia de fraude nas eleições.

Evitando expor-se publicamente, após dizer que teme por sua vida, María Corina respondeu por mensagens de voz a um questionário enviado pela AFP por meio de sua equipe.

A líder opositora fala de uma “negociação para a transição democrática”, que “inclui garantias, salvo-condutos e incentivos para as partes envolvidas, neste caso o regime que foi derrotado naquela eleição presidencial”.

“Estamos determinados a avançar em uma negociação”, diz a dirigente. “Será um processo de transição complexo, delicado, no qual vamos unir toda a nação”.

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), aparelhado pelo regime, proclamou Maduro como vencedor com 52% dos votos na madrugada de 29 de julho, mas até hoje não publicou os dados detalhados das atas eleitorais, sob o argumento de que seu sistema foi hackeado.

A oposição assegura que seu candidato, Edmundo González, venceu a eleição com 67% dos votos e apresenta como prova um site com cópias de mais de 80% das atas escaneadas.

O chavismo desconsidera e diz que se trata de material forjado, mas diversas organizações independentes reconhecem a autenticidade dos papéis em poder da oposição. Nesta quinta (8), o Carter Center, o maior e um dos únicos observadores independentes da eleição venezuelana, disse que os dados são consistentes e declarou à Folha que González venceu de maneira clara e “por uma margem intransponível”.

Maduro pediu à Suprema Corte que “certifique as eleições”, um processo que a oposição e acadêmicos consideram inadequado e inconstitucional, uma vez que a atribuição caberia ao Poder Eleitoral, independente dos demais e ao qual responde o CNE.

“Maduro perdeu completamente, absolutamente, a legitimidade”, afirma Machado. “Todos os venezuelanos e o mundo sabem que Edmundo González venceu de forma avassaladora e que Maduro pretende impor a maior fraude da história deste país. Mas ele não vai conseguir”, diz María Corina.

“Estou profundamente orgulhosa do que fizemos, do que a sociedade venezuelana fez, superando todos os obstáculos na eleição mais desigual e arbitrária em termos de abusos e atropelos do regime”, afirma.

Ela assumiu a liderança da oposição em outubro passado, quando venceu com folga as primárias para enfrentar Maduro. Mas uma inabilitação política por parte do regime a impediu de participar.

González, um diplomata de 74 anos desconhecido até então, foi inscrito de última hora no lugar dela. “Somos uma equipe, um bloco indissolúvel”, diz ela.

O candidato opositor está há mais de uma semana sem aparecer em público, mas não disse se está na clandestinidade. “Ele está trabalhando muito duro todos os minutos do dia para obter mais apoios e avançar nos processos dentro e fora do país necessários para fazer valer sua eleição como presidente”, afirma María Corina.


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