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Estudo revela disparidade no tratamento de dor entre homens e mulheres em pronto-socorro, refletindo realidade também observada no Brasil.






Desigualdade de gênero no tratamento da dor: mulheres esperam mais tempo e recebem menos medicamentos

Desigualdade de gênero no tratamento da dor: mulheres esperam mais tempo e recebem menos medicamentos

No ambiente hospitalar, a disparidade no tratamento de homens e mulheres com dor tem sido objeto de estudo há anos. Uma pesquisa recente, realizada em hospitais dos Estados Unidos e de Israel, revelou que mulheres que buscam atendimento médico em pronto-socorros por dores sem causa aparente são menos questionadas sobre a intensidade dos sintomas, aguardam mais tempo pela consulta e recebem menos prescrições de medicamentos para alívio da dor.

Publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os resultados do estudo confirmam uma realidade que também se faz presente no Brasil, de acordo com Telma Zakka, especialista em dor crônica da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). A dificuldade em avaliar a dor de forma objetiva, tornando-a uma experiência subjetiva, reforça a desvalorização das queixas femininas.

Além disso, evidências anteriores já apontavam para a tendência de as mulheres com dores abdominais serem menos medicadas em hospitais e de que aquelas com dor no peito enfrentam maior dificuldade no diagnóstico e tratamento de um infarto em comparação com os homens.

A especialista Telma Zakka ressalta que as flutuações hormonais e a maior sensibilidade ao estímulo doloroso vivenciadas pelas mulheres, principalmente durante o período pré-menstrual, também contribuem para essa disparidade. Doenças como enxaqueca, fibromialgia e síndrome do intestino irritável, mais prevalentes no sexo feminino, também são fatores a serem considerados no tratamento da dor.

Em última instância, a desvalorização das queixas femininas pode ter graves consequências, como o subtratamento adequado. O preconceito pode levar à administração de medicamentos equivocados, com potenciais riscos à saúde e até mesmo à vida das pacientes.

A Organização Pan-Americana de Saúde já reconhece a desigualdade de gênero como um obstáculo ao acesso aos serviços de saúde, o que contribui para taxas evitáveis de morbidade e mortalidade.

Diante desse cenário, é urgente que profissionais da saúde sejam capacitados para lidar de forma igualitária com pacientes de ambos os sexos. Telma Zakka destaca a importância de uma formação que contemple o estudo da dor em todas as especialidades, a fim de aprimorar a capacidade de ouvir e compreender os relatos dos pacientes para um diagnóstico preciso.

Em resumo, a desigualdade de gênero no tratamento da dor é uma realidade que precisa ser combatida com a educação e sensibilização dos profissionais de saúde, visando a garantir um atendimento justo e eficaz para todas as pessoas, independentemente do sexo.


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