Eleições Municipais no Rio de Janeiro: Paes como figura central na articulação do PSD

As eleições municipais deste ano no Rio de Janeiro estão se tornando um teste crucial para o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), que também desempenha um papel fundamental como liderança partidária na articulação do PSD no estado.

Paes está liderando as negociações do PSD visando à sua reeleição na capital, mas também está buscando definir apoios que possam abrir caminho para uma possível candidatura ao governo estadual em 2026.

Em uma declaração nesta segunda-feira (5), Paes afirmou que cumprirá todo o seu mandato caso seja reeleito. No entanto, a possibilidade de concorrer ao Palácio Guanabara não está descartada. A estrutura da prefeitura tem desempenhado um papel importante na expansão da sua atuação política.

Esta eleição municipal marca a primeira vez em que Paes está à frente das discussões partidárias. Nas eleições anteriores, pelo MDB e DEM, o prefeito contava com outras lideranças que ocupavam o papel principal nesse sentido. No entanto, neste ano, ele tem a palavra final nas negociações, com algumas delas lideradas pelo deputado Pedro Paulo (PSD), seu braço direito e presidente do PSD-RJ.

Uma das principais dificuldades de Paes nas articulações políticas é mudar a percepção das lideranças políticas do Rio de Janeiro de que é pouco confiável no cumprimento de acordos e relutante em abrir espaço para nomes de fora do seu grupo.

A escolha de Eduardo Cavaliere para vice, deixando Pedro Paulo de fora, agravou a imagem negativa do prefeito entre os políticos fluminenses. Parte da classe política acredita que Paes abandonou seu braço-direito de três décadas para evitar possíveis problemas na sua candidatura à reeleição, causados por um vídeo íntimo do deputado.

A desconfiança em relação a Paes foi expressa pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Brasil), em entrevista à imprensa em abril. Bacellar é um potencial adversário nas eleições de 2026 e destacou a resistência do prefeito em dividir o poder. No entanto, Paes estabeleceu pontes com Bacellar e outros líderes políticos da região.

No município de Nova Iguaçu, o PSD vai apoiar a candidatura de Dudu Reina (PP) a pedido do deputado federal Doutor Luizinho (PP). A vice será a irmã do líder do PP na Câmara, Roberta Teixeira, filiada ao PL de Bolsonaro.

Em Duque de Caxias, Paes entregou o comando do PSD ao grupo político de Washington Reis (MDB) para apoiar a candidatura de Netinho Reis (MDB). Ambas as candidaturas são rivais da base do presidente Lula na Baixada Fluminense.

Apesar do favoritismo de Paes nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito enfrentou dificuldades para atrair partidos do centro e da direita para sua candidatura na capital. Ele iniciou negociações com PP, União Brasil, MDB e Republicanos, porém nem todos selaram acordo.

Os problemas na aliança com o Republicanos, que rompeu de forma conflituosa, ressaltam a imagem que Paes tenta desfazer entre as lideranças políticas do estado. O partido acusou a prefeitura de não cumprir os compromissos assumidos e favorecer outros grupos.

Enquanto trabalha nas alianças políticas, Paes também tem utilizado a estrutura da prefeitura para ampliar sua exposição e influência fora da capital.

Este ano, foi aberto um edital de R$ 30 milhões para patrocinar eventos em 22 cidades da região metropolitana. A Secretaria Especial de Integração Metropolitana, criada por Paes em 2021, está responsável pela seleção dos projetos a serem contemplados.

Segundo um levantamento do gabinete do vereador Pedro Duarte (Novo), as nomeações na pasta aumentaram consideravelmente em ano eleitoral, levantando suspeitas sobre o uso político da estrutura da prefeitura.

Em resposta, a prefeitura defendeu a criação da secretaria como uma forma de promover a integração metropolitana e gerar novos projetos para o desenvolvimento urbano sustentável na região.

As negociações políticas estão em andamento e a eleição na capital promete ser disputada. Mesmo com desafios, a estratégia de Paes visa garantir um trunfo político para demonstrar sua força política e consolidar sua posição no cenário estadual e nacional.