Jornalismo Cultural: A Importância da Admiração e do Deslumbramento na Vida Humana

O renomado filósofo René Descartes definiu a admiração como “a primeira” das seis paixões primitivas, em sua obra “As Paixões da Alma”. Para a filósofa Helen de Cruz, a admiração é uma emoção fundamental que nos conecta com o mundo de forma desinteressada e pura.

Em entrevista à BBC News Mundo, Cruz explora a ideia de que a admiração nos permite observar o mundo em seus próprios termos, sem a necessidade de avaliações utilitárias. Em seu livro “Wonderstruck: How Wonder and Awe Shape the Way we Think”, ela argumenta que o deslumbramento e o assombro são aspectos essenciais da experiência humana, que impulsionam a inovação e a criatividade.

Assombro e Deslumbramento

O assombro surge quando nos deparamos com a grandiosidade do universo, enquanto o deslumbramento está relacionado ao desconhecido que escapa à nossa compreensão. Essas emoções nos levam a questionar o mundo à nossa volta e a buscar respostas por meio da arte, da ciência e da filosofia.

Cruz destaca a importância do assombro ao longo da história, desde os filósofos gregos Platão e Aristóteles, que consideravam o assombro como a origem da Filosofia. Na Idade Média, a distinção entre milagres e maravilhas refletia a busca pelo conhecimento do desconhecido.

Milagres e Maravilhas

Os milagres eram vistos como intervenções divinas, enquanto as maravilhas eram fenômenos naturais que desafiavam nosso entendimento. Os alquimistas e os pioneiros da ciência moderna exploraram o estranho e o incomum para avançar no conhecimento sobre o mundo.

No entanto, no mundo contemporâneo, o assombro enfrenta obstáculos, como a poluição luminosa e a busca incessante por produtividade. Cruz ressalta a importância de cultivar o assombro em nossas vidas e superar as limitações impostas pela sociedade.

Em seu livro, ela oferece sugestões para incorporar o assombro e o deslumbramento no dia a dia, desde observar eventos científicos até apreciar a natureza e a arte. Concluir com a reflexão de que a vida é repleta de maravilhas que merecem ser valorizadas e exploradas.

Em tempos onde a pressa e a tecnologia nos afastam do encantamento, encontrar espaço para a admiração é essencial para manter viva a chama da curiosidade e da criatividade. Como nos lembra Helen de Cruz, “a realidade é repleta de maravilhas. Precisamos abrir espaço para elas, para que a vida valha a pena”.

Fonte: Adaptado do texto original publicado na BBC News Mundo.