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Os muckers tinham regras rígidas que passaram a incomodar quem não era adepto: não fumavam, não bebiam, não participavam de festas e confraternizações. Também excluíam seus filhos das escolas comunitárias.
Para os demais imigrantes, eles eram “separatistas” e não estavam alinhados ao luteranismo. Conforme conta o antropólogo João Guilherme Biehl no artigo A guerra dos imigrantes: O espírito alemão e o estranho mucker no Sul do Brasil, todos os muckers eram de origem alemã, mas 64% eram descendentes nascidos no Brasil. A maioria deles só falava alemão, sendo que 57,3% eram analfabetos e 23,5%, semianalfabetos, inclusive a líder Jacobina. A maioria, 69%, era formada por lavradores.
Quanto à religião declarada, 85% dos muckers eram protestantes. Para efeitos de comparação, na época 55% dos moradores de São Leopoldo professavam a fé protestante. Vale ressaltar que Jacobina não se considerava fundadora de uma nova crença. Para ela, o que era realizado em sua casa eram cultos protestantes luteranos.
Os conflitos com os demais moradores começaram em 1873, quando colonos passaram a prestar queixas policiais sobre a conduta dos muckers. A partir de então, crimes começaram a ser atribuídos a eles, de assassinatos e estupros a incêndios de casas e paióis. Nada foi comprovado.
No fim de junho de 1874, ordens militares determinaram a perseguição dos líderes do movimento. Ao longo de julho, houve alguns combates e, em 2 de agosto, 35 dias depois do início das operações, o último reduto mucker foi atacado. Entre as 17 vítimas resultantes, estava a líder Jacobina.
Nomenclaturas polêmicas
De acordo com estudiosos, o nome “mucker” pode ter duas explicações: por um lado, conota fanatismo religioso. “Significa embusteiro, santarrão”, explica Gevehr, tendo a ver com o som emitido por grupos repetindo juntos as mesmas orações, semelhante ao zumbido de abelhas ou moscas.