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Um acordo envolvendo a ampliação do poder da União sobre a Eletrobras está causando um impasse no governo federal e pode representar um custo de até R$ 12 bilhões. Esse valor considera a quantia de R$ 6 bilhões que a Eletrobras deseja para abrir mão de sua participação na Eletronuclear, empresa responsável pela usina de Angra 3, e mais R$ 6 bilhões em dívidas da Eletronuclear que ficariam sob responsabilidade do governo.
O custo total não inclui os gastos para a conclusão de Angra 3, que podem chegar a R$ 26 bilhões. Defensores do acordo afirmam que a negociação não deve ser vista apenas pelo aspecto financeiro, mas de maneira mais ampla, levando em consideração a possibilidade de aumentar o número de assentos da União no conselho de administração da Eletrobras em troca do pagamento.
Por outro lado, a equipe econômica demonstra resistência à negociação, argumentando que não há justificativa para a União assumir sozinha uma empresa endividada. Relatórios do Itaú BBA apontam que a Eletrobras se beneficiaria ao se livrar dos passivos sem receber nada em troca.
As garantias incluem valores devidos ao BNDES e à Caixa, contratados para a construção de Angra 3, usina que teve sua obra interrompida duas vezes, a última vez em 2015 devido a investigações da operação Lava Jato.
Diante do impasse, a AGU e a Eletrobras solicitaram ao STF um prazo adicional de 45 dias para encontrar uma solução. O acordo faz parte da tentativa do governo de ampliar sua influência sobre a companhia, liderada pelo presidente Lula, que é crítico da privatização da Eletrobras.
O acordo em discussão prevê a ampliação do número de assentos no conselho de administração, mas a equipe econômica ressalta que todos os riscos relacionados à Eletronuclear foram considerados durante o processo de privatização da empresa em 2022.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o acordo ainda está em discussão e depende de muitas variáveis. Tanto a Fazenda, a Casa Civil e a Eletrobras não se manifestaram sobre o assunto quando procurados.