Manutenção da Selic em 10,5% divide opiniões de instituições ligadas à indústria e comércio brasileiros sobre impactos na atividade econômica

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou sua preocupação com a manutenção da taxa de juros, alegando que isso resulta em um alto custo do crédito e restringe a atividade econômica brasileira. O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressaltou a importância da retomada dos cortes da Selic para a redução do custo financeiro das empresas e dos consumidores, enfatizando que a penalização da economia brasileira poderia resultar em menos empregos e renda.
Por outro lado, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destacou que incertezas fiscais comprometem a redução da Selic e que a manutenção da taxa reflete um cenário de incertezas econômicas e pressões inflacionárias. A instituição defendeu que uma retomada sustentável dos cortes de juros depende diretamente do equilíbrio das contas públicas.
Diferentemente, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apoiou a decisão do Copom, afirmando que não havia margem para outra escolha devido ao cenário de câmbio pressionado, inflação acelerada e incertezas fiscais. A entidade ressaltou que apenas um posicionamento fiscal claro por parte do governo poderia mudar a situação.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) considerou a medida prejudicial ao setor produtivo mas reconheceu sua importância para a estabilização do cenário macroeconômico devido à deterioração do quadro inflacionário. Enquanto isso, a Força Sindical classificou a decisão como absurda, criticando o favorecimento dos especuladores em detrimento do crescimento econômico e do investimento em áreas essenciais como educação, saúde e infraestrutura.
A decisão do Copom, portanto, gerou um debate intenso entre as instituições ligadas aos setores produtivos do país, evidenciando as diferentes visões sobre os impactos econômicos e fiscais da manutenção da Selic. A incerteza e a necessidade de um equilíbrio entre os interesses das empresas e a estabilidade macroeconômica tornam-se cada vez mais evidentes diante desse contexto.