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Estudo do Ital em parceria com associações da indústria alimentícia levanta questionamentos sobre saudabilidade dos alimentos.



A indústria de alimentos e os estudos do Ital

Recentemente, um relatório assinado pelo Ital em parceria com a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados) chamou a atenção para a saudabilidade dos alimentos. Essa é apenas uma das várias colaborações entre o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e associações da indústria alimentícia.

A pesquisa de pizzas e hambúrgueres, por exemplo, recebeu o apoio da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), enquanto a de sorvetes conta com a participação da Abis (Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes). Já a de sucos e outras bebidas não carbonatadas tem o nome da Abir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes de Bebidas não Alcoólicas) estampado. Essas parcerias levantam questionamentos sobre a imparcialidade dos estudos realizados.

Segundo Vitória Moraes, da ACT, em audiências públicas empresários utilizam os estudos do Ital para destacar os benefícios do processamento de alimentos a longo prazo. No entanto, especialistas consultados pela Repórter Brasil apontam problemas nos resultados dessas pesquisas, como a seleção não transparente das marcas da amostra e a formulação de perguntas que induzem respostas favoráveis aos produtos.

“A seleção das marcas é um ponto crucial, mas muitas vezes não é compreendido pela população. É necessário ter transparência nos critérios de escolha para evitar viés nos resultados”, afirma a nutricionista Daniela Canella, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Sem uma seleção aleatória e critérios claros, os pesquisadores podem escolher marcas que já tenham reduzido o uso de aditivos, favorecendo assim a indústria alimentícia. Isso levanta questões sobre a confiabilidade e imparcialidade desses estudos realizados em parceria com associações do setor.


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