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J.D. Vance critica mulheres sem filhos e levanta polêmica nos EUA
Em uma entrevista de 2021 à emissora Fox, J.D. Vance, então candidato ao Senado americano pelo Estado de Ohio e, hoje, candidato a vice-presidente de Donald Trump, fez declarações controversas sobre mulheres sem filhos.
Vance usou a expressão pejorativa “cat ladies”, referindo-se a mulheres que vivem solitárias, preferindo a companhia de animais de estimação. Ele insinuou que essas mulheres estariam infelizes com suas escolhas e tentando tornar o restante do país também infeliz.
O alvo principal das críticas foi a vice-presidente Kamala Harris, além de Alexandria Ocasio-Cortez e Pete Buttigieg. Vance questionou a capacidade dessas figuras de liderar o país por não terem filhos, sugerindo que não teriam interesse direto na nação.
As declarações foram alvo de diversas reações, desde protestos de algumas figuras públicas, como a atriz Jennifer Aniston, até momentos de solidariedade com mulheres sem filhos, evidenciando a complexidade do debate.
Fertilidade e Política nos EUA
A discussão levantada por Vance remete a questões históricas relacionadas ao papel das mulheres na sociedade e às expectativas em torno da maternidade. Peggy O’Donnell Heffington, historiadora da Universidade de Chicago, destaca que o estigma em relação a mulheres sem filhos não é algo novo.
Heffington frisa que, nos EUA, desde o século 19, houve um esforço para promover a ideia de que a principal contribuição das mulheres para a nação era ter filhos. Essa expectativa, segundo ela, influencia até os dias atuais a percepção sobre mulheres que decidem não ter filhos.
A historiadora também analisa que as críticas de Vance e o atual contexto político refletem preocupações mais amplas sobre a questão da fertilidade e o papel das mulheres na sociedade. A polêmica envolvendo Kamala Harris pode ser um indicativo de como a misoginia ainda está presente em debates políticos nos EUA.
Decisões Polêmicas e Contexto Histórico
O histórico de legislações voltadas para limitar o acesso ao aborto e contracepção nos EUA em momentos de queda da fertilidade é destacado por Heffington como um elemento crucial para compreender os embates contemporâneos sobre maternidade e feminilidade.
O debate em torno das mulheres sem filhos como algo negativo revela, segundo a historiadora, uma perspectiva que associa a identidade feminina principalmente à maternidade biológica, desconsiderando outras formas de cuidado e contribuição das mulheres para a sociedade.
Conclusão
A polêmica envolvendo as declarações de J.D. Vance e a reação em relação às mulheres sem filhos nos EUA apontam para questões profundas sobre gênero, maternidade e poder. O debate evidencia como a narrativa em torno da maternidade ainda é central na construção da identidade feminina e como os discursos políticos podem refletir visões limitadas e estereotipadas sobre as mulheres.