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Amazônia sob fogo intenso: Brigada de Alter se prepara para mais um ano difícil de combate às queimadas no oeste do Pará




Luta contra o fogo na Amazônia

A luta contra o fogo na Amazônia

A luta contra o fogo na Amazônia parece não ter fim para quem atua, há anos, no combate direto, como é o caso dos voluntários da Brigada de Alter — em referência ao distrito de Alter do Chão, em Santarém (PA).

Em 2024, os voluntários da Brigada de Alter enfrentaram, junto a uma força-tarefa nacional, o aumento de incêndios florestais na região conhecida como Baixo Tapajós, no oeste do Pará. Agora, se preparam para mais um ano difícil.

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Durante a seca histórica do ano passado, as chamas se espalharam pela vegetação nativa mesmo em áreas não associadas ao desmatamento. Historicamente, os problemas andam juntos, pois o fogo é usado para abrir pastagem depois da derrubada de árvores. Além disso, os rios da região tiveram níveis recordes de baixa, deixando inacessíveis vilarejos de indígenas e de ribeirinhos, complicando o combate às queimadas.

Neste ano, o cenário tende a se repetir e até piorar. A Amazônia vive seu pior cenário de fogo em duas décadas, com um número recorde de focos de calor. Em comparação com o mesmo período em 2023, houve um aumento de 75% na quantidade de focos de calor na Amazônia. Apenas nos dois dias da última semana, foram registrados 1.318 focos na região.

Com chuvas abaixo do esperado até o momento em 2024, a seca começou mais cedo. O fenômeno La Niña, aguardado para o segundo semestre, tende a trazer chuva para a região, mas a intensidade ainda é incerta.

O Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima afirma que os incêndios florestais no Brasil são intensificados pela mudança climática e pelo forte El Niño iniciado em 2023, destacando Roraima como o estado mais atingido nos primeiros meses de 2024. O ministério criou uma sala de situação para coordenar a resposta federal aos incêndios e à estiagem no país.

O Ibama e o ICMBio contarão com mais de 3.000 brigadistas para enfrentar a temporada de fogo em 2024, e o governo federal destinou R$ 405 milhões aos Corpos de Bombeiros da Amazônia Legal para esse fim.

No ano passado, a Folha percorreu áreas queimadas na região do Pará, o estado mais afetado por incêndios florestais em 2023. A memória da seca do ano passado, a maior em 125 anos, ainda está viva entre os brigadistas. A propagação do fogo em copas de árvores de 30 metros de altura é uma das lembranças que guardam.

O voluntário Daniel Gutierrez Govino, um dos fundadores da brigada, destaca a dificuldade em identificar a origem do fogo e menciona a intensa fumaça que cobriu a região no ano passado.

Para continuar no enfrentamento do fogo na Amazônia, Govino teve que superar uma acusação de incêndio criminoso em 2019, atribuída a um grupo de grileiros. Ele relata que os conflitos hoje estão menores, mas a demanda de combate a incêndios aumentou.

Em 2023, houve uma redução de 50% no desmatamento na Amazônia, porém a área queimada aumentou 36%. A diretora de ciência do Ipam, Ane Alencar, destaca que o fogo e o desmatamento normalmente andam juntos, mas houve um descolamento em 2023, com esforços concentrados em municípios prioritários do “arco do desmatamento”.

Em meio a esse cenário desafiador, os voluntários da Brigada de Alter se preparam para mais um ano de combate incansável contra as chamas na Amazônia, protegendo um dos biomas mais importantes do planeta.


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