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Crise entre Bolsonaro e Wilson Lima abala alianças políticas na região Norte
A relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), está passando por momentos conturbados, o que resulta em um afastamento de um dos principais aliados na região Norte e deve gerar impactos nas alianças políticas para as eleições de 2026.
Essa crise aprofunda o distanciamento do ex-presidente em relação à geração de governadores que foram eleitos junto com ele em 2018, seguindo o discurso da “nova política” que impulsionou líderes da direita.
Em um movimento estratégico para as eleições municipais, Bolsonaro busca se aproximar de figuras tradicionais da política, firmando alianças em capitais como São Paulo, Salvador e Curitiba. Paralelamente, ele continua apoiando candidatos próprios visando a sua prioridade para 2026: eleger uma ampla bancada para o Senado. Manaus está incluída nesse segundo grupo.
A relação entre Bolsonaro e Wilson Lima estava conciliada no início do ano, com um acordo para lançar um candidato único à Prefeitura de Manaus. No entanto, o PL decidiu lançar seu próprio candidato, que também é um potencial nome bolsonarista para o Senado em 2026.
Se o afastamento entre Wilson Lima e Bolsonaro se concretizar, será mais um aliado da geração de 2018 que seguirá um caminho distinto do ex-presidente. Durante seu mandato, Bolsonaro rompeu com outros governadores eleitos em 2018, como João Doria (SP), Wilson Witzel (RJ) e Carlos Moisés (SC), que atualmente não ocupam cargos eletivos.
Além disso, Bolsonaro também possui uma relação tensa com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e deve se posicionar em oposição aos governadores de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), e Roraima, Antônio Denarium (PP), ambos eleitos pelo mesmo partido de Bolsonaro em 2018, o PSL.
Na corrida eleitoral pela Prefeitura de Manaus, o PL lançou o deputado federal Capitão Alberto Neto, enquanto o União Brasil apostou no deputado estadual Roberto Cidade. A decisão do candidato seria feita na última quinzena de junho, mas nenhum lado quis ceder.
Com o acirramento das tensões, Bolsonaro apoiou a aliança entre Alberto Neto e a empresária Maria do Carmo Seffair, cunhada do deputado Átila Lins, em uma tentativa de fortalecer sua posição na região amazônica.
A eleição em Manaus caminha para um cenário fragmentado, com a presença de diversos candidatos, incluindo o prefeito David Almeida, o deputado federal Amom Mandel e o ex-deputado Marcelo Ramos.
Apesar das divergências, Wilson Lima afirmou que não há um rompimento total com Bolsonaro e que o projeto da direita para 2026 é mais abrangente, minimizando a disputa local e não descartando uma possível composição até a data final das convenções.
A campanha eleitoral em Manaus pode ser crucial para a construção de trajetórias políticas de Alberto Neto e Wilson Lima visando às eleições de 2026, onde duas vagas para o Senado estarão em jogo. O cenário político na região Norte promete ser agitado nos próximos anos.