
A quebra de sigilo telefônico do ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, revelou um cenário de intrigas e artimanhas políticas nos bastidores do governo Bolsonaro. Entre as mensagens encontradas, uma delas sugere que Jair Bolsonaro deveria adotar uma postura mais agressiva diante de seus opositores, indicando um possível confronto em seu segundo mandato. O documento também levanta a suspeita de um suposto “golpe no TSE”, evidenciando um clima de conspiração e desconfiança no cenário político nacional.
Além disso, a quebra de sigilo revelou que Ramagem enviava ao presidente boatos contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O ex-diretor da Abin negou se recordar se o material foi repassado a Bolsonaro, levantando ainda mais questionamentos sobre a relação entre o governo e as instâncias judiciais. Essas revelações prometem gerar polêmica e alimentar o debate sobre a ética na política brasileira.
Ramagem, que também é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo partido PL, enfrenta desafios em sua campanha eleitoral. Com apenas 7% das intenções de voto, segundo o último Datafolha, ele precisa lidar com uma margem considerável em relação ao atual prefeito, Eduardo Paes, que ostenta 53% de apoio popular. Essa diferença expressiva sugere que Ramagem terá que trabalhar arduamente para conquistar a confiança dos eleitores cariocas.
Por fim, as investigações da Polícia Federal apontam que Ramagem comandava uma máquina ilegal de espionagem e difamação contra adversários do governo Bolsonaro. O monitoramento de críticos e desafetos do presidente era encaminhado para o chamado “Gabinete do Ódio”, estrutura montada no Palácio do Planalto para disseminar fake news e ataques virtuais. Essas práticas levantam questões sobre a legitimidade das ações do governo e a ética na gestão pública.
Em meio a essas revelações, um áudio encontrado pela Polícia Federal mostra Ramagem, juntamente com o ex-presidente e o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, discutindo maneiras de anular investigações de desvios de dinheiro público contra Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Esses novos desdobramentos prometem abalar o cenário político nacional e colocar em xeque a credibilidade das autoridades envolvidas.