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Instituição exigia pagamento prévio de R$ 50 mil para internação em UTI, colocando em risco vida de bebê em estado grave.

O hospital só internaria na UTI se eu fizesse o pagamento prévio de R$ 50 mil, ou à vista, ou como a funcionária do administrativo disse ‘parcelado em 12 vezes no cartão de crédito para eu ficar tranquila’. Essa não é a realidade da maioria dos brasileiros. Quem tem R$ 50 mil à vista? Ou quem tem um cartão com R$ 50 mil de limite como garantia para não perder a vida da sua filha?
Lorena Carvalho Pinheiro Macedo, mãe da bebê


A cobrança serviria como uma espécie de caução. É uma forma de a instituição garantir o valor para cobrir os eventuais gastos da internação. Mas a prática é proibida pela ANS desde 2003 e vetada por lei desde 2012 para emergências de saúde, quando há risco de morte. Três médicos consultados pela reportagem avaliaram os registros médicos da criança e disseram que o caso era grave, com risco à vida da menina, ou seja, uma emergência.

Não desejo isso para ninguém. Vi a minha filha quase morrer, minha filha virou cifrão. Se tivesse dinheiro, ela merecia viver, se não tivesse, merecia morrer.
Lorena Carvalho Pinheiro Macedo, mãe da bebê


Dados do prontuário e uma ligação com o setor financeiro apontam que a internação em UTI só seria feita após o pagamento. “Para fazer a internação via particular, ela [mãe] tem que acertar o valor, que é R$ 50 mil”, diz o áudio de uma funcionária. Já o prontuário informa que a mãe “estava decidindo se ia pagar ou não o valor”. Outro trecho aborda “problemas burocráticos” para liberar a medicação à paciente.

Prontuário observa a necessidade de pagamento para seguir com a internação particular (descrito erroneamente como 'carência')
Prontuário observa a necessidade de pagamento para seguir com a internação particular (descrito erroneamente como ‘carência’) Imagem: Reprodução


Padrinho da bebê, o advogado Paulo Pantaleão entrou com uma liminar para ela receber o atendimento emergencial gratuito e, por isso, a família também não precisou arcar com os valores após a internação. A decisão favorável foi concedida no dia 19 de junho, e a bebê transferida para a UTI no mesmo dia —dois dias depois de ter dado entrada no hospital. Ela chegou à unidade intensiva com insuficiência respiratória e suspeita de broncopneumonia. A bebê teve alta em 24 de junho e está em acompanhamento com o pneumologista.

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