
Reunião da Conferência Iberoamericana vira palco de troca de farpas entre Brasil e Venezuela
No cenário de uma reunião ministerial extraordinária da Conferência Iberoamericana voltada para discutir a resposta à pandemia da Covid-19, o clima acalorado tomou conta do ambiente quando o governo do Brasil e da Venezuela se envolveram em um embate acalorado.
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, não poupou críticas ao governo venezuelano, chegando a chamá-lo de ilegítimo. Além disso, ele defendeu a união dos países para tratar de questões como democracia e liberdade, sugerindo até uma espécie de cláusula para restringir a participação apenas de democracias, fato que visava excluir o regime de Caracas da discussão.
Diante dessas declarações, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza solicitou um direito de resposta durante o encontro, onde não economizou ironias e provocou o representante brasileiro. “Ficamos surpresos com a intervenção de Araújo. Na verdade, não nos surpreendemos, ficamos preocupados. Ele parecia um pouco alterado. Além disso, dedicou sete minutos de sua fala a apenas um dos 22 países presentes, o que chama a atenção”, afirmou Arreaza.
Em um tom crítico, o chanceler venezuelano relembrou as falas passadas do presidente brasileiro Jair Bolsonaro quando era deputado, além de mencionar a atuação dos generais brasileiros durante a ditadura militar. Arreaza também aproveitou para questionar a gestão brasileira da pandemia, apontando os números de casos e mortes no país como uma violação dos direitos humanos.
Com esse embate entre os representantes dos dois países, a reunião ministerial que tinha como foco debater a cooperação no combate à pandemia se transformou em um palco inesperado para confrontos políticos entre Brasil e Venezuela.